Cotidiano

Políticas insustentáveis levaram à perda de confiança no Brasil, diz Ilan

INFOCHPDPICT000061954416RIO – O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou nesta segunda-feira que a perda da confiança na economia brasileira foi provocada por ?políticas econômicas percebidas como insustentáveis?, sem, contudo, citar o governo de Dilma Roussef. Segundo o economista, o problema foi que as medidas que deveriam ser anticíclicas acabaram se revelando muito intervencionistas. Goldfajn afirmou que ?essas políticas não eram sustentáveis?, levando à queda da confiança. De acordo com Goldfajn, a retomada do tripé macroeconômico pela equipe econômica atual é a saída para a retomada da confiança e redução do risco-Brasil.

? Políticas econômicas percebidas como insustentáveis minam a confiança. Sem ela, as famílias ficam mais cautelosas no consumo e os empresários adiam investimentos. Foi dessa maneira que o ciclo vicioso da perda de confiança se instalou no Brasil. Tenho convicção que a percepção de risco econômico mudará para melhor. Revigorar o tripé econômico (câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e meta de inflação) é imperativo. O fortalecimento significa sustentabilidade às políticas e maior previsibilidade ? disse Ilan. ? O governo já está propondo o teto dos gastos públicos e a reforma da Previdência. Eles são necessários para pôr em ordem as contas públicas.

A declaração foi enviada em formato de vídeo exibido no seminário sobre reavaliação de risco-Brasil, organizado em parceria entre a FGV, a Firjan e o jornal ?Valor Econômico?. Ilan cancelou sua participação em pessoa, que estava programada, para participar da abertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o chamado ?Conselhão?, em Brasília. Segundo o presidente do BC, a avaliação do risco-Brasil é importante para identificar ?problemas que impedem nossa sociedade de aproveitar o potencial de geração de riquezas?.

? É importante entendermos bem como chegamos à crise atual, para evitarmos erros semelhantes no futuro. Vemos dois principais motivos. Um deles foi o choque externo, proveniente do fim do chamado ?superciclo? das commodities, associado ao baixo de crescimento das economias maduras. Nesse contexto, nosso valor de troca ficou prejudicado, os produtos de nossa pauta de exportação passaram a valer menos, impactando negativamente o saldo da balança comercial. O segundo fato foi nossa reação a isso. As politicas econômicas tidas como anticíclicas se mostraram demasiadamente intervencionistas, com represamento de preços que levaram a desequilíbrios e exauriram o espaço fiscal. A inflação chegou em quase 11% ao fim de 2015, por exemplo ? afirmou o presidente do BC no vídeo.