Cotidiano

Policiais vão às ruas contra violência em protestos na França

PARIS ? Enquanto a França vive mais um dia de greves contra a reforma trabalhista, desta vez quem saiu às ruas para protestar foi a polícia do país nesta quarta-feira. Os policiais franceses se queixam do alto índice de violência nos protestos, afirmando que são alvo de maifestações de ódio. Nas últimas semanas, centenas de pessoas já ficaram feridas nos confrontos dos atos contra o pacote de medidas do presidente francês, François Hollande.

Muitas agressões são atribuídas a grupos violentos de jovens sem relação com o movimento contra a reforma das leis trabalhistas. Em protesto contra as agressões ? que incluem o disparo de objetos de grande porte e ateamento de fogo em carros ?, policiais franceses se reuniram em cerca de 60 cidades do país.

A resposta da polícia também vem gerando tensão nas manifestações, uma vez que autoridades lançam gás lacrimogênio durante os atos que ocorrem em diferentes partes da França.

? O ódio contra a polícia vem de uma pequena parte da população, mas esse 10% é muito violento ? disse o diretor-geral da polícia, Jean-Marc Falcone, à rádio ?Europe 1?.

Hollande disse na terça-feira que 350 policiais já ficaram feridos nestes enfrentamentos. No total, 60 pessoas já foram presas. O governo vem alertando que não tolerará episódios de violência durante as manifestações.

NOVO DIA DE GREVES

Nesta quarta-feira, greves de trabalhadores ferroviários e portuários causaram a redução destes serviços pela metade. Caminhoneiros mantiveram os bloqueios de estradas, na tentativa de impedir entregas de mercadorias de supermercado e de combustível.

Os sindicatos locais tentam forçar o governo a desistir da reforma trabalhista, enquanto Hollande diz que não pretende ceder à pressão dos protestos. O pacote de medidas é rejeitado por três em cada quatro franceses, segundo pesquisas de opinião.

A reforma trabalhista ? um dos carros-chefes do governo Hollande a um ano das eleições presidenciais ? pretende tornar as contratações e demissões mais simples, além de permitir que as empresas adotem regras próprias para o pagamento de salários.

O governo diz que a alteração incentivará as contratações e, assim, combaterá o desemprego acima de 10% que atinge o país. No entanto, muitos franceses defendem que este é um retrocesso nos seus direitos trabalhistas, capaz de reduzir o pagamento das suas horas extras de trabalho.