Cotidiano

Polícia prende um dos assassinos de ambulante no metrô de São Paulo

SÃO PAULO – A Polícia Civil prendeu na noite desta terça-feira, numa favela em Itupeva, a 72 quilômetros da capital paulista, Ricardo Martins Nascimento, de 21 anos, um dos acusados de espancar até a morte o vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas numa estação do metrô. A Justiça havia decretado a prisão dele juntamente com a do seu primo, Alípio Rogério Belo dos Santos, de 26 anos, outro acusado do crime e que continua foragido. Antes de Ricardo ter sido capturado, o governo de São Paulo anunciara uma recompensa de R$ 50 mil por informações que levassem aos dois.

? O secretário de Segurança Pública ligou e pediu para oferecer R$ 50 mil para quem der uma posição verdadeira dos dois ? disse o delegado Nico Gonçalves, antes da prisão de Ricardo.

O vendedor tentava proteger uma travesti que fugia dos dois jovens. Por meio das imagens feitas pelo circuito de segurança da estação do metrô Dom Pedro, a polícia concluiu que os agressores usavam soco-inglês. Gonçalves disse que, enquanto a polícia procurava pelos foragidos, os advogados dos suspeitos tentavam evitar as prisões por meio de um recurso judicial.

? Falei com o advogado, e ele está tentando um contramandado, mas tenho certeza de que não vai conseguir ? disse o delegado.

Alípio já fora acusado por uma vizinha de ter sido agressivo com ela. Numa briga, o rapaz a teria ameaçado de morte porque ela teria feito fofoca sobre ele com sua ex-mulher. Esta, por sua vez, também confirmou à polícia o perfil agressivo do rapaz.

Domingo à noite, Alípio e Ricardo teriam sido repreendidos pela travesti, identificada como Raissa, por terem urinado em um canteiro do lado de fora da estação. Os rapazes passaram a discutir com Raissa, que vive na rua, e a agrediram. Uma outra travesti, segundo a polícia, também apanhou. O ambulante tentou intervir, mas os primos se voltaram contra ele.

Segundo o boletim de ocorrência, Ruas, que há cerca de 20 anos trabalhava como ambulante vendendo salgadinhos e refrigerantes na frente da estação, começou a ser agredido e tentou correr para a bilheteria, mas foi atingido por vários socos.

Já o advogado dos primos, Marcolino Nunes Pinho, afirmou que Alípio teve o celular roubado na região e, por isso, ele e Ricardo se envolveram na briga. Segundo o advogado, Ruas estava na confusão e atirou uma garrafa de vidro na cabeça do agressor.

? A região tem vários viciados em drogas, e eles foram para cima dos dois, roubando o celular do Alípio. Ele está com vários ferimentos. Só não fez o boletim de ocorrência por causa da briga, mas vai fazer ? disse Pinho.

Mesmo após cair no chão e ficar desacordado, Ruas recebeu socos e chutes, inclusive na cabeça. Os agressores deixaram o local e voltaram minutos depois para dar sequência às agressões. Não havia agentes de segurança na estação. Em nota, o metrô informou que agentes faziam rondas em estações vizinhas e levaram seis minutos para chegar ao local, mas os criminosos já haviam fugido. Ativistas e religiosos fizeram um protesto em frente à estação, onde pediram justiça.