Cotidiano

Polícia investiga morte de criança após beber achocolatado em Cuiabá

Vigilância Sanitária determina retirada do produto do mercado

RIO — Mais um caso de contaminação de bebidas infantis está causando preocupação dos pais e órgão públicos, e movimentando as redes sociais. Desta vez, o problema aconteceu em Cuiabá, no Mato Grosso, onde a Delegacia Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Deddica), da Polícia Judiciária Civil, instaurou inquérito policial para apurar as causas da morte de uma criança de dois anos, após ingerir uma bebida achocolatada, da marca Itambé, na última quinta-feira.

A mãe da criança, que não teve o nome divulgado, informou que seu filho tomou a bebida, por volta das 9h de quinta-feira, na residência da família, no bairro Parque Cuiabá. Ela contou que a criança estava há dois dias resfriado, soltando coriza pelo nariz, mas sem febre. Segundo a mãe, o menino pediu algo para comer e, então, ela deu uma caixinha do achocolatado, da marca Itambé. Minutos após ingerir o líquido, o menino teria apresentado falta de ar, ficando com o “corpo mole e com princípio de desmaio”. A criança foi levada para atendimento na Policlínica do Coxipó, onde por cerca de uma hora os médicos tentaram reanimá-lo, mas ela não resistiu e morreu no local.

A mãe relatou ainda que bebeu um pouco do achocolatado e também passou mal, sentindo tonturas e náuseas, assim como o tio da criança, que chegou a ser encaminhado a uma unidade hospitalar.

Após a ocorrência, a polícia apreendeu cinco caixas do achocolatado na residência da família, sendo três fechadas e duas abertas. Uma das caixas já estava vazia, segundo a polícia, por ter sido a bebida ingerida pela criança. Segundo a mãe, o achocolatado foi dado a ela por um vizinho, que ainda não foi localizado pela polícia para dar mais informações.

A polícia informou que o material apreendido foi encaminhado para o Laboratório Forense da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) e deve passar por análise. As amostras colhidas do estômago da criança durante o exame de necropsia também serão avaliadas pelos peritos. A polícia aguarda os laudos para identificar a substância que a vitimou.

Lote interditado

Segundo a polícia, a Coordenadoria Estadual de Vigilância Sanitária já solicitou aos Escritórios Regionais de Saúde a interdição cautelar de todos os achocolatados da marca Itambezinho Chocolate (sabor chocolate, rico em 10 vitaminas), com data de fabricação em 25 de maio deste ano, com validade até 21 de novembro de 2016, referentes ao lote MA 21:18.

“Tal denúncia se faz necessária do risco sanitário implicado e em decorrência da denúncia recebida do Serviço de Verificação de óbito, que levou a óbito uma criança após a ingestão do produto”, diz o documento encaminhado pela Vigilância Sanitária, que orientou os estabelecimentos que possuem o produto para venda que o retirem de circulação até que a investigação seja finalizada e a perícia obtenha resultados conclusivos sobre a qualidade e a segurança do produto.

Em nota, a Itambé informa que foi notificada dos fatos, relatados em Cuiabá, relacionados ao suposto consumo de um produto da linha de achocolatados Itambezinho (200ml). A empresa está em contato permanente com a Vigilância Sanitária regional e auxiliando na apuração dos fatos.

De acordo com a empresa, o referido produto está no mercado há mais de uma década e nunca apresentou qualquer problema correlato.

“Até o presente momento, não tivemos nenhuma outra reclamação do mesmo lote”, diz o comunicado da Itambé, que acrescentou que realiza regularmente provas internas e em laboratórios externos de seus produtos e reitera seu compromisso com a qualidade.

A empresa ressalta que já disponibilizou as contraprovas para os órgãos oficiais, no caso o Ministério da Agricultura, que ajudará nas novas análises, e continuará trabalhando em conjunto para outros esclarecimentos que se fizerem necessários.

Repercussão nas redes sociais

O caso teve grande repercussão durante o fim de semana nas redes sociais, inclusive com pessoas e grupos de pais e responsáveis compartilhando casos ocorridos com outras marcas em anos anteriores. Um deles foi o do achocolatado Toddynho, da Pepsi Co, ocorrido em 2014. Segundo material compartilhado pelo Facebook e WhatsApp, unidades do produto, fabricadas em Garulhos, São Paulo, no dia 2 de junho de 2014e com validade até 29 de novembro daquele ano, comercializadas em Porto Alegre e na região metropolitana, estavam contaminadas com a bactéria Bacillus Cereus que provoca intoxicação alimentar, podendo causar enjoos, vômitos e diarreia. Em comunicado distribuído à imprensa na ocasião, a fabricante reconhecia alteração nos padrões de controle de qualidade e erro na distribuição do lote, que estava bloqueado no centro de distribuição. Também admitia ter havido falha no descarte do produto, que estava fora de especificação bacteriológica. A empresa informou que 8.810 unidades seriam recolhidas do mercado.