Cotidiano

Polêmica sobre salários deixa Alep sem recesso

A lei do reajuste estipula que os servidores devem receber, em janeiro de 2017, a reposição plena da inflação de 2016, acrescida de 1%

Curitiba – Enquanto diferentes categorias de servidores já se mobilizam para a realização de assembleias a fim de decidir sobre uma eventual nova paralisação, a Assembleia Legislativa suspendeu as férias de julho dos deputados.

“Se não votamos a LDO, não temos o recesso”, justificou o presidente Ademar Traiano, ressaltando que “o que se discute agora é o momento certo para se fazer isso”. O motivo do atraso é o impasse relacionado ao reajuste salarial do funcionalismo diante da crise econômica.

A lei do reajuste aprovada pela Assembleia em junho de 2015 estipula que os servidores devem receber, em janeiro de 2017, a reposição plena da inflação de 2016, acrescida de 1% como compensação pelas perdas referentes ao atraso do ano passado. O governo, no entanto, alega que não há dinheiro para honrar esse compromisso de forma integral.

“Ou se paga uma conta, ou outra. Não há dinheiro para as duas coisas”, alegou Traiano, ressaltando que a queda na arrecadação frustrou as previsões de arrecadação do Estado – que deve R$ 346 milhões em promoções e progressões de 17 carreiras.

A estratégia da Assembleia é aguardar o Congresso Nacional votar o Plano de Auxílio aos Estados e ao Distrito Federal e medidas de estímulo ao reequilíbrio fiscal para adequar a LDO paranaense às novas regras.

SETOR PRODUTIVO

Ontem, Traiano e mais 23 deputados estiveram reunidos no Salão Nobre da Assembleia com representantes de entidades empresariais que provocaram o encontro para discutir adequações ao texto que fixa as metas fiscais para o próximo exercício.

“O setor produtivo do Paraná, preocupado com a economia do nosso Estado e com o momento crítico da economia brasileira, veio à Casa de Leis para posicionar-se em relação à elaboração da nossa LDO e tomar posições claras em relação às políticas públicas que poderão ser implantadas a partir dela”, comentou o presidente.

Empresários cobram aperto do cinto

“A Federação está aqui dando o seu alerta, chamando toda a sociedade. Vamos nos adequar ao que estamos ganhando. Não tem uma fábrica de dinheiro para gastar; existem limites. Eu resumo com um exemplo simples: uma dona de casa não gasta mais do que o seu contracheque e o que queremos do Estado é que seja feito isso. Não pode gastar mais do que ganha”, alertou o presidente da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), Ágide Meneguette, na reunião com os deputados.

O acompanhamento da elaboração do planejamento orçamentário do Paraná é considerado pelas entidades empresariais uma das formas de colaborar com a sociedade e minimizar os reflexos da crise econômica nacional no Paraná. “Temos discutido a LDO na nossa entidade há vários meses e a nossa preocupação é de que as finanças públicas sejam preservadas e que o Estado mantenha suas contas em ordem, para continuarmos produzindo”, ressaltou o presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná), Guido Bresolin Júnior.

“É prudente que tenhamos a cautela de adiarmos a votação da nossa LDO para podermos enfim nos adequar ao que vai acontecer em todo o País”, respondeu Ademar Traiano. Entre outros líderes, também estiveram presentes à reunião de ontem representantes do Sinduscon, da Associação Comercial do Paraná, do Movimento Pró-Paraná, da Fiep, do Instituto Democracia e Liberdade, do Sistema Ocepar e da Alcopar.