Policial

PMs se recusam a participar de reprodução da morte de Maria Eduarda

Dois PMs envolvidos no tiroteio que, no último dia (30), resultou na morte da estudante Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, não participaram de uma reprodução simulada realizada nesta quarta-feira na Escola Municipal Jornalista Daniel Piza, em Acari. De acordo com a advogada Luciana Barbosa Pires, se o cabo Fábio de Barros Dias e o sargento David Gomes Centeno fossem ao local, correriam risco de vida.

Ambos estão presos sob a acusação de homicídio qualificado: peritos já concluíram que um dos disparos que atingiram a menina partiu do cabo, e, além disso, um vídeo gravado por um morador da região mostra a dupla atirando em dois homens caídos junto ao muro da unidade de ensino.

— Por orientação da defesa, eles exerceram o direito de não vir. Poderia haver uma retaliação do tráfico. Isso não vai atrapalhar (a reprodução simulada). Os PMs já deram depoimentos sem contradições, depoimentos contundentes, a polícia já tem todas as informações, já sabe a dinâmica do evento. A presença deles aqui poderia causar um tiroteio — argumentou a advogada, acrescentando que pediu ao 3º Tribunal do Júri a revogação da prisão preventiva de seus clientes. — Os dois não saíram da cidade e nunca foram condenados. Com quatro integrantes, a equipe deles apreendeu mais armas que o Bope, foram 56 fuzis somente este ano.

A ausência dos PMs frustrou a mãe de Maria Eduarda, Rosilene Alves Ferreira. Ela foi à escola onde a filha foi morta para tentar encontrá-los.

— Queria olhar para eles e perguntar se têm filhos. Queria saber o que fariam se estivessem na minha situação – disse Rosilene, que ficou emocionada ao ver uma adolescente que, com a mesma compleição física de Maria Eduarda, reproduzia, para peritos da Polícia Civil, os últimos movimentos da estudante atingida no pátio da escola.

O delegado Fábio Cardoso, titular da Delegacia de Homicídios (DH) da capital do estado, afirmou que a ausência do cabo Dias e do sargento Centeno na reprodução simulada não atrapalhou a investigação do caso:

— Como os PMs são investigados, têm o direito de não ajudar, para não produzirem provas contra eles mesmos. A DH já conseguiu várias provas periciais e testemunhais, a ausência dos dois não trará prejuízo para a conclusão da investigação. O único problema é que não ouviremos, no local, a versão que eles poderiam dar sobre o que aconteceu naquele dia (da morte de Maria Eduarda).