Cotidiano

PM pede novamente prisão de PMs acusados de chacina em Costa Barros

201511291031432145 (1).jpgRIO – O Ministério Público decidiu pedir novamente a prisão dos quatro policiais militares acusados de matar cinco amigos em Costa Barros, na Zona Norte do Rio, no dia 28 de novembro de 2015. Os PMs Fabio Pizza da Silva, Antônio Carlos Gonçalves Filho, Thiago Resende Barbosa e Márcio Darcy dos Santos estão soltos desde o dia 14 de junho, devido a uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ, que concedeu habeas aos quatro. De acordo com o MP, o caso foi o pior crime cometido por policiais nos últimos anos, agravado pelo fato de que os PMs teriam tentado alterar a cena dos assassinatos. Violência – 11/07

Anteriormente, os quatro policiais ficaram presos por sete meses por terem atirado contra os jovens, que voltavam de um passeio ao Parque Madureira quando o carro deles foi atacado. Os PMs atiraram 111 vezes, sendo 80 disparos de fuzil – ao menos 30 dilaceraram os corpos de Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20 anos, Wesley Castro Rodrigues, 25, Cleiton Corrêa de Souza, 18, Carlos Eduardo da Silva de Souza, 16, e Roberto de Souza Penha, também de 16. Os três policiais foram presos em flagrante por homicídio doloso e fraude processual, e o PM Fabio Pizza Oliveira da Silva, por fraude processual – seu habeas corpus já havia sido autorizado pelo STJ em abril. Agora, os quatro respondem em liberdade.

Em sua controversa decisão, publicada no dia 16, o relator do processo, ministro Nefi Cordeiro, declarou: ?Como já adiantado no exame da liminar, o decreto justifica a prisão apenas em razão da presença de indícios delitivos, deixando de fundamentar a medida extrema nas circunstâncias concretas do caso que pudessem revelar anormalidade apta a justificar a segregação, o que revela a ausência de fundamentos?.

Desde o primeiro momento, a versão dos PMs é insustentável para a Polícia Civil. Em depoimento, os réus disseram que tinham ido ao Morro da Lagartixa, em Costa Barros, checar um possível roubo de caminhão de bebidas na rua José Arantes de Melo, perto de um dos acessos à comunidade. E que, quando chegaram lá, foram recebidos a tiros. Mas um vídeo gravado por um morador da Lagartixa, que circula na internet desde a chacina, mostra claramente os policiais alterando a cena do crime – uma pistola foi colocada perto do pneu dianteiro esquerdo. À época, o diretor do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), Sérgio William, garantiu que nenhum disparo havia partido do Palio branco onde estavam os jovens.

Após a chacina, o então comandante do 41º BPM (Irajá), tenente-coronel Marcos Netto, foi exonerado.

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