Cotidiano

Plantio agroecológico inspira engenheiros

Casal segue uma forma de plantar praticada pelos povos indígenas

Santa Tereza – Algumas palavras têm perdido seu sentido pelo excesso do uso, muitas vezes sendo aplicadas em situações de forma não condizente. Umas dessas palavras é “sustentabilidade”, termo largamente utilizado por empresas de forma meramente cosmética ou alegórica, poucas vezes representando uma prática real.

Nesse universo de muitos rótulos e pouca prática, merecem destaque atitudes e vivências que muitas vezes acontecem mais perto do que se imagina, como é o caso de Günther Kruger e Eliana Maria Lopes, casal de engenheiros agrícolas que fundaram o Instituto Pedra da Mata, que segue os preceitos da agroecologia e valorização da sabedoria popular. Em um espaço de menos de 5 hectares, eles mantêm um sítio-escola, onde são promovidos cursos, recebendo grupos de pessoas com afinidade com os objetivos do Instituto. No local são cultivadas mais de 150 espécies vegetais diferentes entre frutíferas, legumes, verduras, cereais, entre outros.

Partindo dessa prática da mão na massa, ou melhor, na terra aliada a teorias inovadoras, o casal decidiu compartilhar essa maneira de pensar e de viver, promovendo um curso sobre implantação da agrofloresta sintrópica, como eles já fazem na área do instituto.

Segundo Eliana, agrofloresta é uma forma de plantar alimentos que imita a floresta, misturando no mesmo espaço árvores frutíferas, de madeira, hortaliças, cereais, entre outras culturas que tem como destino final um belo prato de comida. “Lembrando que até mesmo a madeira da mesa onde esse prato é servido também pode vir da agrofloresta”, observa Günther, que ainda complementa: “A plantação segue um planejamento de modo que cada vegetal favoreça o crescimento da planta vizinha, recuperando a fertilidade do solo e favorecendo o reaparecimento de minas d’água e de animais silvestres”.

Solução mundial

Oferecendo uma alternativa simples e viável para diferentes problemas, a agrofloresta pode, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), contribuir para a diminuição da fome no mundo. “Isso sem contar que por seguir os princípios da agroecologia, o uso de venenos e adubos químicos é vedado nos sistemas agroflorestais, ponto que merece ser destacado, principalmente em nossa região, onde os índices de intoxicação por agrotóxicos é altíssimo, prejudicando muitas vezes a saúde física e mental da população”, frisa Eliana Maria Lopes, que é formanda em Psicologia.

O curso

O curso, que tem data marcada para 24, 25 e 26 de novembro, será ministrado por Yuri Diniz, agricultor sintrópico, professor na Escola Parque no Rio de Janeiro e discípulo de Ernest Gotsch, o suíço que sistematizou e popularizou o método de cultivo da agrofloresta sintrópica. O local do curso é a sede do Instituto Pedra da Mata, localizado na zona rural de Santa Tereza do Oeste.