Agronegócio

Pimenta para todos estilos e gostos: mais de 50 variedades

O sítio de Chico Neto é sinônimo de diversificação. Agricultor por vocação, ele comprou a área de quatro hectares em Santa Tereza do Oeste, no oeste paranaense, há mais ou menos uns 15 anos só para o lazer mesmo e para fugir do estresse da cidade. O hobby? Explorar, no bom sentido, o melhor que a terra lhe pode dar.

Conhecido por produzir culturas gigantes, as abóboras ficaram entre as mais conhecidas e mais recentemente um pepino daqueles bem grandes que ganhou nada mais nada menos que fama nacional, a unidade produtora agora é destaque na produção de pimentas.

Quem vê aquela montoeira de variedades deve logo pensar: aqui mora um homem louco pela ardência e o sabor que elas proporcionam. Que nada. Ele não come uma delas sequer.

São mais de 50, sim, mais de 50 variedades e estilos. Tem pimenta arredondada do tipo biquinho, tem as alongadas como a jalapenha e a dedo-de-moça, as em formatos ovais. Pimenta verde, vermelha, alaranjada, roxa. É um colorido bonito de se ver e ardido de se experimentar. Basta abrir uma delas de forma meio desavisada para logo sentir os olhos e a garganta pedindo socorro. Ah! E não adianta lavar com água ou tomar um daqueles copos cheios, o H2O só piora a ardência. O “veneno” para cortar seu efeito, quem diria, só o leite.

Chico Neto nem calculou o volume da produção. Mas são quilos e quilos que simplesmente se perdem nas lavouras. “Dou para quem vem aqui, muita coisa se perde porque a gente nem colhe e comer mesmo eu não como, não gosto. Mas gosto de plantar, acho bonito e é uma terapia”, reforça.

Veja um trecho da entrevista:

 

A chegada

As pimentas chegaram ao sítio por acaso há pouco mais de uma década. “Eu plantava outras coisas e sempre achei bonito o cultivo da pimenta. Gosto do colorido. Aí um dia resolvi plantar um pé e não parei mais. Toda vez que viajo vou em busca de variedades diferentes e, como as pessoas sabem que gosto de plantar, quando vêm trazem variedades, trocamos mudas e assim cresce meu cultivo”, afirmou.

E de variedade em variedade a plantação foi se expandindo. São fileiras e mais fileiras de cultivares intercaladas. Chico Neto sabe, por exemplo, que a mais ardida, daquelas que podem cortar a respiração, é “uma tal de pitanga”.

Tem ainda a cambuci, uma das mais famosas para conservas…

Ocorre que a maioria das variedades o produtor não tem noção a que família pertence, suas origens, formas de uso e que tipo de “contaminação” elas provocam sobre outras culturas. “Eu já notei que as pimentas biquinho, que são doces, agora também estão bem ardidas. Deve ser porque tem a polinização de uma variedade sobre a outra porque elas estão bem perto uma das outras”, estima.

Uma das missões agora é reconhecer as variedades e quem sabe receber ajuda para catalogá-las.

Aprendendo na prática

O mais impressionante é que Chico Neto não tem formação acadêmica na área de agronomia. São os conhecimentos práticos que lhe rendem sucesso e reconhecimento pela produção de mais de duas centenas de variedades de produtos, por que não dizer, exóticos. São mais de 20 variedades de milho, dezenas de espécies de berinjelas, jilós, abóboras, chuchus, cheiro verde, pomelo e, claro, as pimentas.

Questionado como ele faz para produzir frutas, legumes e verduras gigantes, a resposta é prática, literalmente: “Guardo os maiores e vou replantando com base neles, aí dá o resultado que dá”, conta, sorridente.

As cinco pimentas mais conhecidas do Brasil

1. Dedo-de-moça
2. Malagueta
3. Pimenta-do-reino
4. Caiena
5. Biquinho

A história da pimenta

Muita gente adora apreciar uma boa pimenta de vez em quando, já que elas normalmente emprestam sabor a pratos, além de também dar a famosa e peculiar ardência na boca, algo tão apreciado ao redor do mundo.

Todas as pimentas são frutos de plantas que fazem parte do gênero conhecido como Capsicum, que pertence à família Solanaceae, sendo que há uma variedade considerável de tipos e de espécies.

Ao todo, nos dias de hoje, há centenas de espécies de pimentas catalogadas no mundo todo, sendo que a maioria é originária da América Central e também da América do Sul.

Apesar dessa grande variedade, a verdade é que apenas cinco espécies de pimentas foram “domesticadas”, sendo que depois disso elas acabaram passando para todos os cantos do mundo, exatamente como é visto nos dias de hoje.

Se suas origens se encontram nas Américas do Sul e Central, o que se sabe é que historicamente muito provavelmente a pimenta tenha sido a primeira, ou uma das primeiras plantas “domesticadas” pelo homem.

Há evidências arqueológicas que remontam para vestígios do cultivo da pimenta que datam de 7.500 anos antes de Cristo, sendo que as origens da espécie Capsicum annuum estariam no México e na América Central, ao passo que as origens da espécie Capsicum frutescens estariam na América do Sul.

O primeiro europeu que encontrou as pimentas foi Cristóvão Colombo, que, por pensar estar nas Índias, acabou por nomear o fruto de “pimenta”, por conta da semelhança com as famosas Pimentas do Reino, que eram originárias do sudeste asiático, especialmente no que diz respeito ao sabor picante.

Em meados do século XVI, exploradores espanhóis e portugueses acabaram por levar as pimentas das Américas para a Ásia e para a África, onde teve início o cultivo em larga escala.

A expansão da pimenta foi rápida, fazendo com que chegasse aos países que hoje em dia apreciam muito esse alimento, como Índia, China, Coreia e as Filipinas.

Nos Estados Unidos, as pimentas são cultivadas desde o século XII, sendo que até os dias de hoje são muito apreciadas por lá.

A mais forte do mundo

Também chamada de "HP22B" (nome científico), a pimenta mais ardida do mundo é originária de Fort Mill, Carolina do Sul (EUA), criada por Ed Currie, um cultivador de pimentas americano. Desde 2013, a pimenta é a recordista na escala Scoville validado pelo Guinness World Records, atingindo picos de mais de 2.200.000 SHU. O suficiente para matar uma pessoa sufocada se seu consumo for feito de forma errada. Quem se arrisca?