Política

PF prende grupo ligado ao “Decreto dos Portos”

São Paulo – O ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da estatal Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) Wagner Rossi e os principais executivos de dois grandes grupos empresariais de logística de transportes foram detidos ontem, em caráter temporário, no âmbito da Operação Skala, deflagrada pela PF (Polícia Federal).

Presidente do Grupo Rodrimar, Antônio Celso Grecco foi detido em Monte Alegre do Sul, no interior de São Paulo, e chegou à superintendência da PF em São Paulo por volta de 11h. Já a empresária Celina Torrealba, uma das proprietárias do Grupo Libra, foi detida em seu apartamento, no Rio de Janeiro.

Segundo o MPF (Ministério Público Federal), vários mandados de prisão temporária e de busca e apreensão estão sendo cumpridos pela PF, a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. As medidas foram determinadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, relator do chamado Inquérito dos Portos, que apura as suspeitas de que agentes públicos favoreceram empresas do setor portuário com a publicação de um decreto assinado pelo presidente Temer em maio do ano passado, o chamado Decreto dos Portos (Decreto 9.048/2017).

Investigado no mesmo inquérito, o advogado José Yunes, ex-assessor do presidente Michel Temer também foi preso ontem.

Por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), a PF restringiu a divulgação de informações a respeito da operação. O MPF também informou que, por se tratar de medidas cautelares, autorizadas para “embasar investigações em curso”, não confirmaria os nomes de todos os investigados alvos dos mandados.

A defesa de Rossi informou que o ex-ministro está aposentado há sete anos e que não atuou mais profissionalmente na vida pública ou privada. “Nunca mais participou de campanhas eleitorais ou teve relacionamentos políticos. Nunca foi chamado a depor no caso mencionado. Portanto, são abusivas as medidas tomadas. Apesar disso, Wagner Rossi está seguro de que provará sua inocência”, informa a nota dos seus advogados.

A Rodrimar e o advogado de Celso Grecco ainda não se pronunciaram. Representantes do Grupo Libra afirmaram que não vão se pronunciar por enquanto.

 

Ex-assessor preso

Dentre os presos temporários está o advogado José Yunes, ex-assessor do presidente Michel Temer. A polícia apura as suspeitas de que agentes públicos favoreceram empresas do setor portuário com a publicação de um decreto assinado pelo presidente Temer em maio do ano passado, o chamado Decreto dos Portos (Decreto 9.048/2017).

Por determinação do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal restringiu a divulgação de informações a respeito da operação.

Marun disse ainda que a “absoluta inocência” do presidente Michel Temer será esclarecida: “Temos a mais absoluta convicção de que, em havendo clareza, em havendo imparcialidade na condução das investigações, chegaremos à óbvia conclusão: o Decreto dos Portos não beneficia a Rodrimar e que ao final restará esclarecida a absoluta inocência do presidente em relação a tudo isso”.

 

Coronel seria um dos intermediários da propina

O coronel João Batista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer, também foi em São Paulo pela Polícia Federal. Ele saiu do apartamento amparado por uma equipe de resgate do Samu em uma cadeira de rodas e seria levado ao Hospital Albert Einstein, no Morumbi.

Ex-coronel da Polícia Militar, Lima é apontado pela PGR, com base na delação da JBS, como um dos intermediários de propina que supostamente seria paga ao presidente no caso do decreto de portos. Lima é dono da empresa de engenharia e arquitetura Argeplan.

A Polícia Federal tenta ouvir o ex-coronel desde junho de 2017. Ele já havia sido intimado duas vezes e nas duas não compareceu alegando problemas de saúde.

No inquérito que apura suposto favorecimento de empresas no setor de portos por um decreto assinado pelo presidente Michel Temer, a PF anexou mensagens telefônicas trocadas entre Lima e uma pessoa não identificada pelos investigadores chamada Maria Helena.

No dia 30 de abril de 2017, o coronel Lima diz: “Amiga, nessas condições ainda tenho esperança de receber as 'gorjetas' que você não me deu”. Na avaliação da PF, “a conversa chama atenção pelo fato de o coronel aparentemente fazer uma cobrança, utilizando o termo gorjeta”. Os investigadores querem que Lima esclareça em interrogatório do que se trata a conversa.

 

PRESOS NA OPERAÇÃO DA PF

*José Yunes, advogado, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer

*Antônio Celso Greco, empresário, dono da empresa Rodrimar

*João Batista Lima, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo e amigo de Temer

*Wagner Rossi, ex-deputado, ex-ministro e ex-presidente da estatal Codesp

*Milton Ortolan, auxiliar de Wagner Rossi

 

Marun: Temer "nada tem a ver com isso"

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse ontem que as prisões feitas na Operação Skala, da Polícia Federal, não enfraquecem o governo e defendeu o Decreto dos Portos.

Questionado se as prisões de pessoas ligadas ao presidente Michel Temer enfraquecem o governo, Marun negou e reafirmou a certeza de que o presidente não tem relação com concessão de nenhum benefício à Rodrimar, empresa investigada por suposto favorecimento pelo decreto.

"A prisão de dois amigos do presidente é uma situação em relação à qual nós ainda não temos um conhecimento específico dos motivos que levaram a ela”, disse. E completou: “Quero antes de mais nada ter conhecimento dos motivos [das prisões] e tenho a certeza de que se isso não for tratado com parcialidade, com sensacionalismo, não enfraquece o governo porque o presidente Temer nada tem a ver com isso. O decreto não beneficia a Rodrimar”, disse o ministro.