Cotidiano

PF pediu buscas quando Geddel ainda era ministro

BRASÍLIA – A Polícia Federal pediu para realizar busca e apreensão em endereços ligados a Geddel Vieira Lima quando ele ainda era ministro da Secretaria de Governo da gestão Michel Temer. O pedido foi enviado ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 4 de novembro pelo delegado Marlon Oliveira Cajado dos Santos.

Teori remeteu os autos para manifestação da Procuradoria-Geral da República, mas como Geddel deixou o ministério e perdeu o foro privilegiado em 25 de novembro, o caso foi parar na Justiça Federal do Distrito Federal.

No pedido de buscas, o delegado aponta a suposta ocorrência dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, quadrilha ou bando e lavagem de dinheiro atribuíveis a Geddel e outras pessoas. A justificativa para o envio a Teori era justamente o foro privilegiado, além do fato de o ministro do STF relatar uma ação relativa a Eduardo Cunha que teria ligação com estes fatos.

Em 2 de dezembro, Teori deu o despacho determinando o encaminhamento do caso à primeira instância, atendendo a uma manifestação da Procuradoria-Geral da República.

AUXILIARES DE TEMER DEMONSTRAM ALÍVIO

O fato de Geddel Vieira Lima não ser mais ministro do governo Michel Temer deu ao Palácio do Planalto tempo para se posicionar sobre a Operação “Cui Bono?”, que fez buscas e apreensões em endereços do político. Auxiliares de Temer demonstraram um certo alívio por não terem que se manifestar prontamente sobre o caso, podendo lançar mão de evasivas como: “Estamos colhendo informações para poder avaliar.”

Um assessor presidencial admitiu que se Geddel não tivesse sido demitido em novembro do ano passado, após a polêmica envolvendo um apartamento dele em Salvador e um suposto tráfico de influência, o governo estaria novamente diante de uma crise a ser debelada rapidamente.

– As coisas estariam bem piores – disse o assessor.

Geddel e Temer são amigos há 23 anos e fazem parte do mesmo grupo político dentro do PMDB. O presidente relutou bastante em demitir Geddel, que era o titular da Secretaria de Governo. E só o fez depois que o caso ganhou dimensões insustentáveis. O então ministro da Cultura Marcelo Calero acusou Geddel de pressioná-lo a mudar um parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para liberar as obras do prédio onde que Geddel possui uma unidade. Inicialmente, Temer avaliou se tratar de um episódio menor. Mas Calero foi à Polícia Federal e disse ter gravações de conversas sobre o tema, jogando a história no colo do presidente e de outros integrantes do Planalto.

Apesar do escândalo, Geddel e Temer continuam próximos e mantém contato frequente. Até hoje o lugar de Geddel no governo continua vago, devendo ser ocupado pelo ex-líder do PSDB Antonio Imbassahy após a eleição pelas presidências da Câmara e do Senado.