Cotidiano

PF indicia Malafaia em operação que investiga corrupção em cobrança de royalties

BRASÍLIA – A Polícia Federal (PF) indiciou o pastor Silas Malafaia em uma investigação que apura corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral. Em dezembro, a PF promoveu a Operação Timóteo em 11 estados e no Distrito Federal. Na ocasião, foi expedido um mandado de condução coercitiva contra Malafaia, mas ele se apresentou espontaneamente na superintendência da PF em São Paulo. Embora envolvido, ele não foi considerado um dos alvos principais da ação.

Em sua conta no Twitter, Malafaia negou irregularidades e atacou a imprensa, dizendo que a notícia é requentada. Isso porque o indiciamento ocorreu em dezembro, quando os policiais foram às ruas cumprir os mandados da operação.

? O fato ocorreu em 16 de dezembro, foi notícia no Brasil. Lembra da condução coercitiva? Para aquilo acontecer, o delegado pede meu indiciamento. Não explica nada. Põe duas linhas, porque eu recebi um cheque de R$ 100 mil ? disse Malafaia em vídeo disponível em sua conta no Twitter.

Em dezembro, Malafaia já tinha dado uma explicação sobre os fatos: ?Recebi uma oferta de cem mil reais, de um membro da igreja do meu amigo pastor Michael Abud, não sei e não conheço o que ele faz, tanto é que o cheque foi depositado em conta. Por causa disso sou um ladrão? Sou corrupto? Recebo ofertas de inúmeras pessoas e declaro no imposto de renda tudo o q (sic) recebo. Quer dizer q (sic) se alguém for bandido e me der uma oferta, sem eu saber a origem, sou bandido??. Na ocasião, ele também avaliou que seu envolvimento na Operação Timóteo foi uma retaliação por ter proposto limites a abuso de autoridades. Para o pastor, a ação é resposta a um vídeo que ele publicou na internet pouco tempo antes sobre o assunto.

Na época, cerca de 300 policiais fazem 16 ações em 52 endereços diferentes. Por determinação da Justiça Federal, além de buscas, os policiais também cumprem 29 conduções coercitivas, quatro mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária, sequestro de três imóveis e bloqueio judicial de valores depositados que podem chegar a R$ 70 milhões. Apenas em 2015 os valores recolhidos com os royalties de mineração pela chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) chegaram a quase R$ 1,6 bilhão, de acordo com a PF.

A PF suspeita que Malafaia teria usado contas correntes de uma instituição religiosa com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores, segundo a Reuters. Em dezembro, os investigadores informaram que, no topo da pirâmide do esquema, estavam o ex-diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Valadares e sua esposa, que é sócia de uma das empresas de consultoria que estão entre os alvos da operação. O grupo fraudava os valores de royalties de mineração devidos por mineradoras a municípios.

O grupo criminoso, de acordo com a PF, se dividia em ao menos quatro grandes núcleos: o captador, formado pelo diretor do DNPM e sua mulher, que cooptavam prefeitos interessados no esquema; o operacional, formado por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da mulher do diretor do DNPM, que repassava valores indevidos a agentes públicos; o político, composto por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema; e o colaborador, que ajudava na ocultação e dissimulação do dinheiro.