Cotidiano

PF faz busca e apreensão em escritórios de conselheiro do Carf em SP

BRASÍLIA – Numa segunda fase da Operação Quatro Mãos, a Polícia Federal fez busca e apreensão de documentos em escritórios e casas do advogado João Carlos de Figueiredo Neto, integrante do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em Campinas e São Paulo. O conselheiro foi preso em flagrante há seis dias. Ele é acusado de pedir propina R$ 1,5 milhão a um advogado do Itaú para atender interesses no processo sobre uma suposta dívida fiscal do banco da ordem de R$ 25 bilhões. Figueiredo é relator do caso no Carf.

A partir das buscas a polícia pretende chegar a nomes de empresas que negociado propina com o conselheiro antes da prisão dele. Numa das conversas com o advogado do Itaú na noite em que foi preso Figueiredo falou, de forma indireta, sobre o envolvimento dele em outros casos de propina, segundo disse ao GLOBO uma fonte que acompanha do caso de perto. Figueiredo disse que, para facilitar o acerto com o Itaú, poderia parcelar o pagamento em 10 prestações mensais de R$ 150 mil. Este seria um tratamento especial, diferente do que costumava fazer.

Com base nesta conversa e em outros indícios, a polícia passou a suspeitar da participação do conselheiro em outros casos de pagamento de propina vinculados à venda de decisões no Carf.

? Ele estava no Carf há algum tempo. Há indicação de que outras empresas pagaram propina ? disse um investigador.

Figueiredo por volta das 21 horas do último dia 6, numa operação que contou com escuta ambiental, troca de mensagens pelo Whatsapp e até dupla de policiais disfarçados de casal. Ele foi detido momentos depois da polícia gravar trechos de um diálogo em que o conselheiro pede R$ 1,5 milhão ao Itaú. Em troca, ele e o advogado escreveriam a quatro mãos o voto do conselheiro no processo contra o banco. Esta é, aliás, a origem do nome da operação.