Cotidiano

PF desarticula grupo de extermínio formado por policiais em Rondônia

RIO — A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira uma operação com o objetivo de desarticular um grupo de extermínio formado por policiais que atuavam na região de Jaru, no interior do estado de Rondônia. A ação foi batizada de “Operação Mors”, expressão latina para a personificação da morte, e conta com o apoio do grupo tático especial da PF e de aeronaves e helicópteros. Ao todo, em Rondônia e no Mato Grosso, 250 agentes cumprem 49 medidas judicais, entre as quais há 35 mandados de busca e apreensão e 14 de prisão, principalmente, contra servidores de órgãos de segurança pública do estado.

De acordo com a PF, além de policiais, também integravam o grupo criminoso agentes penitenciários e um jornalista. Um advogado também foi conduzido para prestar esclarecimentos.

As investigações apontam que os envolvidos na organização realizaram inicialmente execuções de pequenos infratores locais, como forma de “justiça privada”. Os assassinatos, no entanto, começaram a ser realizados por outros motivos, desde cobranças de dívidas até crimes encomendados.

A grande quantidade de mortes ocorridas na cidade de Jaru, concentradas em um curto período do ano de 2014, chamou atenção da PF. Todos os assassinatos seguiam um mesmo ritual e eram realizados por grupo de dois homens em uma moto preta. Os crimes promovidos pelos integrantes da organização criminosa ficaram conhecidos como “assassinatos da moto preta”.

Até o momento, dez mortes já foram identificadas como sendo de autoria do grupo de extermínio. A polícia estima que mais de cem assassinatos podem ser atribuídos à organização criminosa. As vítimas eram, em geral, testemunhas de crimes cometidos pelos policiais, endividados que não tinham condições de saldar seus débitos, e usuários de drogas. Dentre os mortos estão ex-presidiários, detentos do regime carcerário, empresários e um advogado da cidade. Também foram alvo do grupo um juiz e um promotor de Jaru, que tiveram suas casas alvejadas por disparos de arma de fogo. Há informação de que outras autoridades locais também foram ameaçadas.

Todos os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, homicídio por motivo torpe, que é um crime hediondo, abuso de autoridade, agiotagem, práticas de milícia, posse, porte e comércio ilegal de armas de fogo, coação no curso do processo, fraude processual, além de corrupção ativa e passiva.