Policial

PF de Cascavel desmantela quadrilha de tráfico internacional de drogas

Investigações duraram dois anos e líder tinha patrimônio de mais de R$ 40 milhões

Uma quadrilha internacional de tráfico de drogas foi desmantelada ontem em uma operação desencadeada pela Polícia Federal de Cascavel. De acordo com informações da PF, mais de 200 policiais cumpriram 80 mandados, sendo 29 de prisão preventiva, cinco temporais, 12 de condução coercitiva e 40 mandados de busca e apreensão em cinco estados.

A Operação Malote teve início com a apreensão de um carregamento de mais de 24 toneladas de maconha no Mato Grosso do Sul, em 2015. As investigações, desenvolvidas desde então, apontaram que o líder da organização criminosa é Adriano Lechuga, de 36 anos. Morador de Umuarama, ele é considerado foragido.

Segundo o delegado Marco Smith, para justificar a vida luxuosa que tinha, Adriano dizia ser garimpeiro. “Ele movimentava altas quantias, andava com carros luxuosos e contava com o apoio da família para lavagem de dinheiro”.

A esposa de Adriano, Michele Fonte, foi presa e encaminhada à Delegacia da Polícia Federal em Cascavel. O advogado de defesa, Edson Martins, disse à imprensa que até então não tinha acesso aos autos de prisão e que depois disso deveria prestar os esclarecimentos necessários. “Mas posso adiantar que ela é inocente. Por enquanto consta o mandado de prisão, mas tudo será esclarecido para a Justiça”.

De acordo com o delegado Smith, a operação tem o nome Malote porque os criminosos, em algumas ocasiões, fizeram uma espécie de consórcio. “Vários traficantes usavam do mesmo meio de transporte para entrar com a droga no Brasil e distribuir nos grandes centros consumidores. Fundamentalmente vinha do Paraguai, ou pelo Mato Grosso do Sul ou pelo Paraná, e era encaminhada para São Paulo, Nordeste e Rio de Janeiro”.

Ao longo das investigações as equipes da Polícia Federal localizaram 16 carregamentos de entorpecentes em cinco estados: Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia, retirando de circulação 39 toneladas de maconha e outros 160 quilos de cocaína. As investigações contaram ainda com o apoio da Receita Federal, para a identificação do patrimônio da organização criminosa. Tissiane Merlak

Balanço

Conforme um balanço divulgado ontem à tarde pela Polícia Federal, além de Adriano Augustin Calonga Lechuga, estão foragidos Fábio Calonga Lechuga e Eliane Violada Fontes. Em São Paulo quatro pessoas foram presas, uma delas com três armas de fogo. No Mato Grosso do Sul oito pessoas foram presas, dentre elas um policial e um vereador e uma pessoa presa no Rio de Janeiro, que seria comprador de drogas. No Paraná, além de Michele outras duas pessoas foram presas, uma em flagrante com uma arma de fogo.

Dentre os objetos apreendidos estão 11 veículos seminovos de alto padrão, uma coleção com 143 relógios de luxo, uma mansão avaliada em R$ 3 milhões e outros imóveis em São Paulo; cinco veículos seminovos de alto padrão, fazenda e casas de luxo e mil cabeças de gado no Mato Grosso do Sul. No Paraná foram 11 veículos seminovos de alto padrão, duas moto aquáticas, uma embarcação de luxo, de aproximadamente 30 pés, e uma coleção com 50 relógios de luxo apreendidos.

Redes Sociais

Para se comunicar, a quadrilha se valia, segundo a PF, dos recursos de comunicação da plataforma WhatsApp. Segundo a PF eles buscaram na Justiça a autorização para monitoramento dos contatos entre os membros do grupo que, até então, não foram executadas pela Operadora no Brasil. Por conta disso, segundo as decisões do Juízo Federal de Umuarama, gerou-se multas cumulativas que até ontem já somavam R$ 2,1 bilhões.