WASHINGTON – A quatro dias do plebiscito que irá ratificar o acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), pesquisas mostram que mais da metade do eleitorado deve optar pelo ?sim?, e confirmar a aceitação do pacto na consulta popular de domingo. Um levantamento do instituto Datexco indica que 67% dos eleitores pretendem votar no plebiscito, e que, entre os que participarão, 55% votarão a favor do acordo. Em pesquisa divulgada dias atrás pela Rádio Caracol, os favoráveis ao ?sim? totalizavam 54%, enquanto 34% dos entrevistados se opunham ao tratado celebrado na segunda-feira em Cartagena. Farc
Apesar do aparente apoio ao processo de paz, as pesquisas também mostram um crescimento entre os que não concordam com os termos do acordo. O número de favoráveis ao ?não? cresceu desde agosto, quando representavam cerca de 28% do eleitorado. Na segunda-feira, dia da assinatura, o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe liderou, ao lado do ex-procurador-geral Alejandro Ordóñez, uma marcha contra o processo de paz, reunindo centenas de apoiadores.
Após a cerimônia de anteontem, as Farc agora trabalham para catalogar todas as armas sob seu controle. O processo, que inclui o mapeamento de armas de fogo, explosivos e minas terrestres, deve se estender por seis meses, e será acompanhado por uma missão de monitoramento da ONU, formada por 450 civis e militares de diversos países. Os armamentos coletados serão fundidos e transformados em três monumentos.
Embora o processo de paz ainda não tenha recebido o respaldo popular das urnas, seus efeitos já são sentidos do outro lado do oceano. Ontem, o ETA, organização separatista do País Basco, lamentou em comunicado que não tenha firmado com os governos de França e Espanha um acordo semelhante ao assinado entre as Farc e o governo colombiano.
Já o governo americano acredita que o acordo de paz da Colômbia, elaborado após quatro anos de negociação, é um exemplo para o mundo e um sinal da vitória da diplomacia. De acordo com uma porta-voz do Departamento de Estado, isso é o sinal de que qualquer outro conflito pode ser solucionado com o diálogo, pois essa era uma das guerras mais longas da História. Os cinco próximos passos da paz na Colômbia
EUA enviarão auxílio financeiro
A partir de agora, os EUA enviarão à Colômbia, dentro do novo Plano de Paz, US$ 400 milhões (R$ 1,3 bilhão) para auxiliar em três frentes: segurança e reintegração dos ex-combatentes; melhorias das instituições colombianas; e assistência às vítimas das Farc. O valor anual que o governo americano está destinando à parceria é 20% maior que o enviado até então dentro do chamado Plano Colômbia, que durou 15 anos e visava ao combate ao tráfico de drogas.
Além disso, Washington doou US$ 36 milhões (R$ 116 milhões) ao esforço da Noruega, que no total arrecadou US$ 100 milhões (R$ 322 milhões), para um programa de desativação de minas terrestres nos 28 locais que serão desmilitarizados. Segundo o Departamento de Estado, os EUA seguirão abertos ao diálogo para aprofundar a parceria com a Colômbia, avaliando a implementação do acordo de paz ? etapa mais difícil a ser enfrentada.
? O anúncio do acordo de paz é uma ideia. Colocá-lo em prática depende de ações ? afirmou o secretário John Kerry, no evento em Cartagena. Governo e as Farc firmam paz após 52 anos de conflito
