Cotidiano

Pesquisa da Unioeste busca bioativos naturais contra bactérias, fungos e vírus

Estudo produz nanopartículas com bioativos de plantas brasileiras

Eliminação de bactérias, superbactérias e fungos, por meio da síntese de nanopartículas produzidas pela ação de organismos vivos. Esse é o resultado preliminar de um estudo desenvolvido na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), que tem como finalidade avaliar os efeitos de bioativos vegetais, associados à nanopartículas metálicas e biogênicas.
 -  Cascavel, 10/05/2021  -  Foto: Unioeste
Eliminação de bactérias, superbactérias e fungos, por meio da síntese de nanopartículas produzidas pela ação de organismos vivos. Esse é o resultado preliminar de um estudo desenvolvido na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), que tem como finalidade avaliar os efeitos de bioativos vegetais, associados à nanopartículas metálicas e biogênicas. - Cascavel, 10/05/2021 - Foto: Unioeste

Eliminação de bactérias, superbactérias, fungos e vírus por meio da síntese de nanopartículas produzidas pela ação de organismos vivos. Esse é o resultado preliminar de um estudo desenvolvido na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), que tem como finalidade avaliar os efeitos de bioativos vegetais, associados à nanopartículas metálicas e biogênicas.

O intuito é alcançar um nível de atividade biológica natural como alternativa aos produtos sintéticos atualmente disponíveis no mercado de defensivos agrícolas. Testes in vitro, realizados na primeira fase do estudo, já comprovam a ação do produto inovador. Na próxima etapa, os pesquisadores pretendem testar a capacidade de inativar vírus, inclusive o novo coronavírus (Sars-CoV-2), que causou a atual pandemia de Covid-19.

A coordenadora do projeto, professora Fabiana Gisele da Silva Pinto, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Unioeste, explica que a nanopartícula é uma matéria-prima com diferentes e variadas utilidades, e tem como benefício uma baixa toxicidade para as células humanas e também para o meio ambiente, uma vez que não gera resíduos tóxicos.

“Estamos sintetizando nanopartículas de prata biogênica, associadas a extratos de plantas brasileiras com ação antimicrobiana, ou seja, atividade bactericida, fungicida e virucida”, afirma a pesquisadora. Doutora em Microbiologia, Fabiana aponta a possibilidade de, futuramente, substituir substâncias nocivas à saúde humana em vários produtos da indústria.

Como exemplo, a professora menciona o triclosan, um agente bactericida banido nos Estados Unidos e nos países da Europa, que continua sendo muito utilizado no Brasil, como antisséptico e conservante em cosméticos e fármacos. “A nanopartícula pode substituir esse composto químico antimicrobiano, presente em medicamentos, sabonetes, desodorantes e cremes dentais”, sugere.

Ela ainda destaca o registro de patente dupla dessa tecnologia (processo e produto), em estágio inicial, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), no Ministério da Economia.

AVICULTURA  As nanopartículas também têm aplicabilidade na criação de aves para produção de alimentos, em especial carne e ovos. Experimentos com resultados promissores vêm sendo realizados em sorotipos de Salmonella, um gênero de bactérias que causa infecção nos seres humanos. Apontado como um dos males mais comuns na atividade produtiva da avicultura, esse patógeno é responsável por perdas econômicas e riscos relacionados à saúde pública.

“Temos a possibilidade de desenvolver um produto que pode ser aplicado nos aviários para controlar essa bactéria”, salienta a professora Fabiana, ressaltando a importância de continuidade das pesquisas para avaliar outras propriedades de nanopartículas. Ela sinaliza, ainda, a prospecção de parceria com empresas da iniciativa privada, interessadas em desenvolver produtos com base em nanopartículas biogênicas.

ESTRUTURA – O projeto é vinculado ao Programa de Pós-graduação em Conservação e Manejo de Recursos Naturais do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, no campus da Unioeste de Cascavel. As atividades são desenvolvidas no Laboratório de Microbiologia e Biotecnologia, com apoio do Herbário Unop, uma coleção científica de plantas secas preservadas, coordenado pela professora Lívia Godinho Tempon.

A equipe de pesquisa é composta pela estudante de pós-doutorado Juliana Moço Correa e pelas estudantes de mestrado Débora Marina Bandeira, Larissa Valéria Lakoiski e Joelma Marques Batista, além de duas alunas de Iniciação Científica do curso de graduação em Ciências Biológicas.

Também integram o estudo os pesquisadores Gerson Nakazato e Renata Katsuko Takayama Kobayash, do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que atuam no Laboratório de Bacteriologia Básica e Aplicada do Departamento de Microbiologia.