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Perfil: Tite, um treinador que viveu desencontros com a seleção

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Tite e a CBF vivem uma história de desencontros nos últimos quatro anos ? que pode terminar nos próximos dias ou até nas próximas horas, com seu possível anúncio como treinador da seleção brasileira no lugar de Dunga, demitido na tarde desta terça.

Foi em novembro de 2012, após a queda de Mano Menezes, que o nome de Adenor Leonardo Bacchi, gaúcho de Caxias do Sul, despontou pela primeira vez como favorito para dirigir a seleção. Campeão da Libertadores pelo Corinthians, Tite disputaria (e venceria) o Mundial de Clubes em dezembro daquele ano.

Dunga demitido e Tite a caminho da seleção

A entidade preferiu, no entanto, apostar em Luiz Felipe Scolari, o Felipão, para dirigir o Brasil até a Copa do Mundo. Tite tirou um 2014 sabático. Veio o 7 a 1, Felipão deixou o comando. Dunga, o antecessor de Mano Menezes, reassumiu o posto. Ao fim daquele ano, Tite admitiu ao ?Esporte Espetacular? que esperava ter recebido sua vez na seleção em meio à dança das cadeiras.

? Esperava ser escolhido. Não apressei uma expectativa. A gente paga o preço das nossas escolhas ? lamentou à época.

A resignação indicava um traço da personalidade de Tite, ou da ?titebilidade?, termo cunhado devido a sua predileção por neologismos. Aos 55 anos, o treinador se caracterizou pelo perfil comedido, com fala tranquila e pausada ? salvo raras ocasiões, como o ?fala muito? gritado para Felipão em 2011, durante clássico contra o Palmeiras.

Tite também costuma dizer que não desrespeita contratos. Uma das condições que colocou ao ser procurado pela CBF, após a eliminação do Brasil na Copa América, foi só conversar quando a demissão de Dunga estivesse oficializada. A entidade já havia procurado Tite duas vezes em 2015, mas o treinador garante que nem quis ouvir proposta.

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Os desencontros pareciam indicar uma separação definitiva no fim de 2015, quando Tite assinou um manifesto pedindo a destituição da diretoria da CBF, incluindo o presidente Marco Polo Del Nero, que agora tenta contratá-lo. Em abril, contudo, a CBF procurou novamente.

Tite usou a disputa da Libertadores ao explicar que não poderia deixar o Corinthians, para onde voltou em 2015 e foi campeão brasileiro pela segunda vez. Foi seu 11º troféu, contagem que começou em 2000, quando levou o Caxias a um surpreendente título gaúcho em final contra o Grêmio.

Além do aproveitamento de 68% nesta terceira passagem pelo Corinthians, Tite se consolidou como um treinador capaz de montar times taticamente sólidos. A paciência usada em busca da formação ideal é a mesma exibida no aguardo do momento certo de assumir a seleção, que ocupa atualmente a sexta posição nas eliminatórias e vem pressionada pela queda na Copa América e a cobrança popular pelo sonhado ouro olímpico. Resta, portanto, uma questão ambígua: o momento chegou?