Cotidiano

Perdas passam dos R$ 272 milhões

Toledo – Com um inverno bastante atípico, primeiro com registro de excesso de chuva, depois geadas intensas consecutivas, seguidas pela secura extrema e um calor insuportável batendo facilmente a casa dos 30ºC por semanas seguidas, as culturas de risco tiveram perdas bem consideráveis na região oeste do Paraná.

Somados, os prejuízos no campo já ultrapassam os R$ 272 milhões. Os números ainda estão sendo finalizados pelos Núcleos Regionais da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel e de Toledo, mas o que já se sabe, por exemplo, é que os prejuízos com o trigo, em percentuais, foram os maiores: 33% do que estava no campo, o que significa que a expectativa do produtor em colher dez sacas foi frustrada em pelo menos três.

Somente no Núcleo de Cascavel, segundo os dados do Deral (Departamento de Economia Rural), foram cultivados 97.450 hectares. A previsão inicial de produção era de 306.967 toneladas, mas fechou com 207.338 toneladas, quebra de 33%. No Núcleo de Toledo, onde essas lavouras estão diminuindo ano após ano, foram dedicados à cultura 17.450 hectares. A expectativa inicial de produção era de 50.605 toneladas, mas até o momento são consideradas 39.262 toneladas e isso pode reduzir ainda mais. Neste momento as perdas consideradas por lá são de 22%. Com base no valor da saca cotada ontem, a R$ 33,50, as duas regionais perderam o equivalente a R$ 65 milhões somente com o trigo.

Milho

Quanto ao milho, a regional de Toledo não tem do que reclamar. Por lá as perdas com o milho safrinha foram de apenas 3%, consideradas normais para qualquer ciclo. No início do cultivo a expectativa de produção era de 2,716 milhões de toneladas e deve fechar com 2,627 milhões de tonelada numa área equivalente a 415.285 hectares.

Agora, no Núcleo de Cascavel, os produtores não tiveram a mesma sorte. Com menos chuva nos lindeiros ao lago de Itaipu e com geadas mais severas em julho, as perdas de milho somam 22%.

No momento do plantio esperava-se colher pouco mais de 2,448 milhões de toneladas, mas foram retiradas do campo 1,931 milhão de toneladas em 374.685 hectares. Com base no valor da saca, R$ 20,50 cotada ontem, as perdas nas duas regionais chegam até o momento a R$ 207,2 milhões.

Somadas as perdas das duas culturas, as principais de inverno no oeste, a cifra passa de R$ 272 milhões. Como ainda se tratam de dados preliminares, principalmente na regional de Toledo, os números ainda podem aumentar.

Pelo menos 270 mil hectares já foram plantados com soja

A chuva deu as caras ontem, embora timidamente. Agora, em Cascavel, por exemplo, ela foi tão pouca que nem chegou a ser registrada pela estação do Simepar.

O mesmo ocorreu em outras cidades da região. Mas isso está com os minutos contados. A secura que se estende por 40 dias pode começar a ser quebrada a partir de hoje.

Há possibilidade de pancadas em todo o Paraná, mas no fim de semana deve haver uma intensificação dos volumes de precipitação com a possibilidade de temporal.

Segundo o ClimaTempo, hoje pode ser registrado até 30 milímetros de precipitação em Cascavel. Até o início da próxima semana o acumulado pode beirar os 70 milímetros. Tudo o que os produtores precisam para salvar a lavoura, neste caso, a soja plantada mesmo num solo absolutamente seco. A chuva é o que as sementes precisam para começar a se desenvolverem.

Na regional de Cascavel, até ontem, 15% da área estimada para a oleaginosa nesta safra, ou seja, 75 mil hectares, já haviam sido plantados. Na de Toledo, que compreende 20 municípios, até ontem pelo menos 40% da área já havia sido semeada, o que representa cerca de 190 mil hectares. Juntas, somam mais de 260 mil hectares cuja soja já está no solo, só à espera de um pouco de água.

Agora, segundo o técnico do Deral José Pértille, se não chover expressivamente nos próximos dez dias, toda essa área terá de ser replantada.