Cotidiano

Peña Nieto e Theresa May serão primeiras visitas oficiais do novo governo dos EUA

MEXICO-US-POLITICS-TRUMP-INAUGURATION-PROTESTWASHINGTON ? Mesmo após inúmeras polêmicas sobre a construção de um muro na fronteira e acusações do presidente americano, Donald Trump, sobre os mexicanos, o presidente Enrique Peña Nieto irá ser um dos primeiros a visitar os Estados Unidos, no próximo dia 31 de janeiro. Outra visita confirmada é a da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May ? que irá a Washington entre quinta e sexta-feira Segundo o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, Peña Nieto irá ao país vizinho para debater temas como comércio, imigração e segurança. Trump e seu colega mexicano conversaram por telefone neste sábado. Trump também conversou com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que prometeu uma vista para breve. Trump_2101

Cumprindo a promessa de campanha, na sexta-feira Trump assinou medidas que facilitam o fim do Obamacare ? reforma de saúde implementada por Obama e que beneficia 20 milhões de americanos ?, trocou a agenda de políticas ambientais por uma orientação para ampliar o uso de energia fóssil, retirou do site da Casa Branca páginas sobre direitos dos homossexuais e, principalmente, congelou todos os atos iniciados por Obama e pendentes de conclusão.

São esperadas para segunda-feira, primeiro dia útil de governo, ações para restringir a imigração. Trump deve assinar diariamente ordens executivas para desfazer o legado de Obama ? muitas delas feitas justamente por este mesmo tipo de ato, uma vez que o democrata não tinha maioria no Congresso. A falta de aprovação legislativa de seu antecessor torna mais fácil o desmonte do seu legado.

? Será uma decisão por dia útil ? afirmou o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.

A nova ordem executiva de Trump sobre o Obamacare encoraja as agências a desmantelarem grande parte do programa. Mas a falta de um projeto para substituir o Obamacare preocupa a população que depende do programa e até governadores republicanos, que precisam lidar diariamente com o tema. Trump já havia prometido que o fim do Obamacare seria ?seguro? e poderia ?demorar até dois anos?, mas até agora não detalhou os planos.

Além disso, o chefe de Gabinete, Reince Priebus, determinou às agências federais não emitirem mais regulamentos. Priebus informou às agências que qualquer nova regra enviada ao Escritório do Registro Federal (espécie de Diário Oficial dos EUA), mas que ainda não tenha sido publicada, deve ser suspensa. A ordem de Priebus não é incomum. Quando o presidente Obama assumiu o cargo em 20 de janeiro de 2009, ele também mandou seu chefe de Gabinete, Rahm Emanuel, enviar uma carta às agências federais dizendo-lhes para se absterem de enviar quaisquer regras novas ou propostas ao Escritório Federal de Registros.

Críticas à imprensa

Enquanto as medidas eram conhecidas, Trump seguia com os últimos atos oficiais da posse. Pela manhã, participou de uma cerimônia ecumênica na Catedral Nacional de Washington, com representantes de diversas religiões. Ele estava acompanhado da mulher, Melania, e do vice, Mike Pence.

Após o ato, Trump foi a um evento religioso e terminou na Agência Central de Inteligência (CIA), que havia criticado fortemente na campanha, comparando seus investigadores a nazistas. Trump chegou a ridicularizar os órgãos de Inteligência do país, lembrando que eles asseguraram que havia armas de destruição em massa no Iraque, justificando a invasão americana do país árabe ? o que depois se mostrou errado. Neste sábado, atacou a imprensa, dizendo que os jornalistas estão ?entre os seres humanos mais desonestos da terra? ao contestar a baixa estimativa de presentes na posse publicada por meios de comunicação.

? Provavelmente a maior parte de vocês aqui nesta sala não votou em mim, mas não vou perguntar isso ? disse, arrancando risos. ? Vocês fazem um trabalho maravilhoso.

A visita visa a melhorar as relações do novo presidente com a Inteligência do país. Já no período de transição, CIA e FBI indicaram que Trump se beneficiou da espionagem russa durante as eleições. Ele negou num primeiro momento, mas na semana passada admitiu, pela primeira vez, que Moscou poderia estar por trás dos ciberataques.

Trump defendeu seu indicado para o cargo de diretor da CIA, Mike Pompeo, e voltou a comentar sua eleição, a reforçar promessas de campanha. Também elogiou os funcionários da CIA:

? Eu acredito que este grupo será um dos que farão este país ser seguro novamente.

Na segunda-feira, o Senado americano vai decidir se confirma ou não a indicação de Mike Pompeo para o posto de diretor da CIA. Os dois primeiros nomes do novo governo ? James Mattis, como secretário de Defesa, e John Kelly, como secretário de Segurança Interna ? já foram aprovados na sexta-feira. Mas Obama começou seu governo com sete nomes aprovados, em linha com a média de seus antecessores. Para esta semana se esperam grandes batalhas para a aprovação dos nomes de Trump, muitos deles acusados de estarem próximos demais da Rússia, terem conflitos de interesse ou simplesmente desejarem o fim dos organismos para os quais foram indicados.