Cotidiano

Pedágio afeta obras e provedores de internet

Os debates e a polêmica quanto à possível renovação dos atuais contratos do pedágio ganham mais um ingrediente no Paraná

Medianeira – Os debates e a polêmica quanto à possível renovação dos atuais contratos do pedágio ganham mais um ingrediente no Paraná. Poucos sabem que a concessão de rodovias tem efeitos muito além da cobrança sobre os veículos que transitam pelas estradas. Há impacto também em outros serviços, a exemplo do transporte de bits por redes distribuidoras instaladas às margens das rodovias, nas áreas chamadas de faixa de domínio. Esse foi um dos assuntos apresentados a empresários na Acime em Medianeira durante encontro empresarial da Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste.

O tema foi detalhado pelo diretor do Portal Medianeira Telecom, Liandro Paulo Carniel, e chamou a atenção dos presentes, basicamente empresários ligados à Caciopar, uma das entidades que já se manifestaram contrárias à prorrogação dos atuais contratos do pedágio no Paraná. Na tentativa de baratear custos para os clientes do seu provedor, Liandro passou a articular a instalação de uma rede própria entre Medianeira e Cascavel, distantes uma da outra cerca de 90 quilômetros. O investimento na rede e no aluguel de estrutura da Copel, para acesso aos dados, chegaria a R$ 1 milhão.

Liandro descobriu, no entanto, uma obrigação que inviabiliza o investimento, a cobrança de pedágio, por parte da concessionária, somente pelo fato de existir uma rede de distribuição às margens da rodovia. O valor do aluguel é de R$ 3.267 por quilômetro por ano, o que corresponde a cerca de R$ 300 mil nos 90 quilômetros do trajeto. “Essa cobrança prejudica consumidores de tecnologias fundamentais para a vida moderna”, lamenta o empresário, que pediu a colaboração da Caciopar na tentativa de criar meios de banir a cobrança.

O pedágio no transporte de bits não afeta apenas provedores e outras empresas de tecnologia. A cobrança dessa forma de pedágio traz prejuízos à própria Copel, que tem parte de sua rede instalada às margens das rodovias do Anel Rodoviário de Integração. Enquanto uma solução para o problema não chega, cidades que precisam comprar links e bits em outras regiões, que então são transportados, têm custos até 50% maiores pelo serviço, valores que são então repassados aos consumidores finais. Essa realidade depõe contra a necessidade de acesso fácil e quebra total da exclusão digital, como querem os governos. Cobranças, na faixa de domínio, estão previstas no contrato da concessão.