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Paulo Nobre, presidente que não come porco e investiu milhões no Palmeiras

62930424_Paulo Nobre presidente do Palmeiras (1).jpgO presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, não come porco. Não se trata de respeito ao símbolo do clube nem à kashrut (leis alimentares do judaísmo). Essa é só mais uma peculiaridade do cartola de 48 anos, ex-piloto de rali, trader em bolsas de valores, acionista de alguns bancos, dono de dois jatinhos e que, desde 2013, está à frente do clube. Não é exagero dizer que, com o dinheiro que injetou no clube, ele se incorporou ao Palmeiras de tal maneira que ficou tudo meio junto e misturado.

Palmeiras – 28.11

? Nunca sonhei em ser astronauta. Queria ser jogador do Palmeiras, como o Evair, e depois presidente. O que mais me orgulho foi resgatar a credibilidade do Palmeiras com a torcida. A autoestima do palmeirense voltou ? comemora. ? Mas não podemos deitar em berço esplêndido. O lema é “no limits”.

Durante quatro anos, Nobre agiu “como um pai” para o clube: foram entre R$ 150 e R$ 200 milhões em empréstimos que serão devolvidos, mas com juros bem abaixo do mercado. A dívida é de cerca de R$ 115 milhões.

A paixão não se restringe aos limites do clube. Em sua quinta de quase 100 mil metros quadrados, em Cotia (interior de São Paulo), o símbolo do Palmeiras, claro, está presente.

? Até tenho porcos lá, mas não me apego a eles, porque podem ser abatidos pelo caseiro ? conta Nobre. ? Na entrada, há dois javalis de pedra no portão. No lugar de leões de chácara, sabe? Já me perguntaram se eu tinha dois porcos de ouro. Não procede. Mas tenho coleção de porquinhos, cerca de 1.400, sem contar os desenhados no piso da piscina e o que tatuei na perna direita. São peças que ganho ou compro desde 1987.

Nobre deixará a presidência do clube em dezembro ? seu sucessor será o atual vice-presidente, o empresário Maurício Galiotte, que toma posse dia 15 ?, e levará na bagagem uma última decisão no mínimo antipática aos olhos dos torcedores: apoiou a decisão da Polícia Militar de cercar a rua em frente à Arena Palmeiras, ontem.

LONGE DE SER UNANIMIDADE

Inicialmente, só quem tinha ingresso e sócios do clube podiam se aproximar do estádio. Bares foram evacuados e o local, onde a torcida esperava comemorar o título, ficou deserto. Em entrevista à “Folha de São Paulo”, Nobre disse que “tem muitas pessoas que pirateiam produtos do clube e vendem na rua Palestra Itália (…) e bandidos que ficam furtando carteiras.” À tarde, a medida foi revogada.

Polêmicas à parte, e longe de ser uma unanimidade, Nobre teve papel fundamental na recuperação do Palmeiras. Quando chegou à presidência, em 2013, o clube estava em baixa, com o time na Série B, e, segundo ele, com apenas 25% da receita do ano não comprometida.

? Acho errado um dirigente colocar dinheiro no clube. Essa dependência não é boa. Mas, quando assumi, não encontrei outra alternativa ? justifica o cartola, que desde 2015 é reembolsado mensalmente, com 10% das receitas.

Segundo funcionários, em 2013 a situação era tão grave que não havia dinheiro para pagar a conta de água nem o jardineiro. O clube sequer tinha garantia para empréstimos. Nobre passou a ser o fiador. Depois, credor. Também comprou os direitos de alguns jogadores e será reembolsado na nova venda. O lucro vai para o Palmeiras.