Cotidiano

Paul Ryan não defenderá campanha de Trump, dizem fontes

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WASHINGTON ? Líder republicano no Congresso dos EUA, o deputado Paul Ryan afirmou nesta segunda-feira que não fará campanha ou defenderá o candidato presidencial do partido, Donald Trump, disse uma fonte à imprensa americana. O presidente da Câmara dos Representantes já havia cancelado uma aparição ao lado do magnata no fim de semana depois do vazamento de um áudio constrangedor de 2005, em que Trump se gaba, com linguagem vulgar e palavrões, dos seus métodos para seduzir mulheres. Na ocasião, ele condenou as declarações machistas do empresário e se disse “enojado” pelos comentários.

Ryan, que disse anteriormente que votaria em Trump, não revelou se retiraria formalmente seu apoio ao candidato, relatou uma segunda fonte. Ele teria afirmado sua decisão em uma ligação telefônica, em que estaria bastante “nervoso”.

Este é o mais recente revés na campanha de Trump, que vem perdendo apoio dentro do seu próprio partido nos últimos dias. Líderes republicanos vêm pedindo, inclusive, que ele renunciasse à candidatura. Mas não demorou para que o magnata descartasse por completo essa possibilidade.

ABANDONADO POR REPUBLICANOS

Quatro senadores republicanos anunciaram formalmente que não votarão no magnata depois do escândalo. O principal deles é John McCain, ex-candidato presidencial e que já se viu em confusão com Trump após o magnata não considerá-lo um herói de guerra (McCain foi feito prisioneiro no Vietnã).

“Pensei que fosse importante respeitar o fato de Trump ter vencido a maioria dos delegados pelas regras do partido. Mas seu comportamento nesta semana, incluindo seus comentários depreciativos sobre mulheres e sua ostentação sobre agressões sexuais, tornam impossível até dar apoio condicional a sua campanha”, condenou. “Escreverei na cédula o nome de um bom republicano conservador que seja qualificado para ser presidente.”

O ex-senador Mike Kirk pediu para o partido substitui-lo. O ex-governador do Utah e ex-embaixador Jon Huntsman, disse que “chegou a hora de (Mike) Pence liderar a chapa”, pedindo que o candidato a vice do magnata assuma a função no lugar dele. Huntsman defendera o voto em Trump uma semana antes. Até o senador Ted Cruz, que recentemente deu apoio a Trump após ser derrotado por ele nas primárias republicanas, foi duro. “Estes comentários são perturbadores e inapropriados, e não há desculpa para eles. Toda mulher, mãe, filha – toda pessoa – deve ser tratada com dignidade e respeito”, disse em nota. Seis líderes republicanos que abandonaram Trump após declarações obscenas

Sua ex-rival na disputa, Carly Fiorina, pediu que ele se retirasse da corrida. Nunca um grande partido americano substituiu seu candidato presidencial tão perto das eleições.

A direção de seu partido também fez críticas após a divulgação do áudio. “Nenhuma mulher deve ser descrita nestes termos ou ser alvo de comentários desta maneira. Nunca”, criticou duramente o presidente do Comitê Nacional Republicano, Reince Priebus.

O ex-candidato presidencial Mitt Romney atacou: “Dar em cima de mulheres casadas? Minimizar agressão? Essas degradações vis diminuem nossas mulheres e filhas e corrompem a imagem dos EUA para o mundo”, criticou pelo Twitter.

O vice de Trump, Mike Pence, emitiu um comunicado sobre o caso:

“Como marido e pai, eu fiquei ofendido pelas palavras e ações descritas por Donald Trump no vídeo de onze anos atrás divulgado ontem. Eu não desculpo seus comentários e não posso defendê-los. Eu sou grato que ele expressou remorso e se desculpou ao povo americano”, disse o republicano.

A mulher de Trump, Melania, disse que se sentiu ofendida pelos comentários “inaceitáveis e ofensivos”, mas pediu que os eleitores aceitem as desculpas.

“Isto não representa o homem que conheço. Ele tem o coração e a mente de um líder. Espero que aceitem a desculpa dele, como eu aceitei, e foquem em temas importantes que dizem respeito a nossa nação e ao mundo”, afirmou em comunicado.