Cotidiano

Passados 300 dias do início do caso Cunha, PSOL e Rede cobram votação

BRASÍLIA – Deputados do PSOL e Rede, autores da representação contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética, “comemoraram”, nesta terça-feira, o aniversário de 300 dias que já se arrasta o processo contra o ex-presidente da Câmara. Num cartaz que carregavam os deputados, a Câmara recebeu “medalha de lata em protelação”, uma referência às supostas articulações de líderes partidários para deixar a votação de Cunha em plenário para depois que se resolver o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado, que deve acontecer a partir do dia 25 ou 26 de agosto.

? A responsabilidade de marcar a data é do presidente da Câmara. Se ele não marcar para amanhã, estamos afirmando que há uma proteção a Eduardo Cunha, um conluio de vários líderes com o presidente interino Temer para votar isso depois do impeachment. É um novo golpe para livrar a cara do Cunha, porque, uma vez cassado, ele pode abrir todo o jogo, cair atirando e fazer uma delação, que incidiria diretamente sobre a votação do impeachment ? disse o deputado Ivan Valente (SP), líder do PSOL.

Já no plenário da Câmara, Valente subiu à tribuna e, olhando para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que, se o processo não for votado nesta quarta, a culpa será do presidente:

? Se o processo não for colocado em votação amanhã, o responsável se chama Rodrigo Maia.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos maiores adversários de Cunha na Câmara, disse, durante o ato, que a Casa atinge hoje um “recorde negativo”, ao já deixar se arrastar por dez meses o processo contra o peemedebista na Casa.

? É medalha de lata da degradação política e da protelação. Estamos vendo uma articulação espúria, covarde de vários líderes. Esse ato suprapartidário é uma denúncia de um recorde negativo espúrio da protelação. Nunca, em tempo algum, uma representação foi tão demorada em sua apresentação final – afirmou Alencar.

Em reunião de líderes nesta terça, Rodrigo Maia transmitiu um pedido do governo para que as lideranças “segurem” suas bancadas em Brasília, nesta quarta-feira, para conseguirem quorum para votar, na sessão do Congresso Nacional, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017. Molon sugeriu ao presidente que faça a votação de Cunha na própria quarta, considerada “a melhor maneira” de manter alto o quorum no plenário.

? Quer maneira melhor de manter o quorum do que marcar a votação do Cunha para amanhã (quarta)? ? argumentou Molon, contando que Maia não acatou nem rejeitou a sua sugestão.

O deputado Henrique Fontana (PT-RS), argumentou que não há qualquer justificativa para que Maia não paute a votação de Cunha ainda esta semana, já que a previsão é que a Casa vote, nesta terça, o projeto da renegociação da dívida dos estados com a União, e o projeto do pré-sal, muito polêmico, não deve ser votado tão cedo:

? Não há uma única justificativa que pare de pé de parte do presidente Rodrigo Maia para protelar a votação da cassação do Cunha. Ele não deve se preocupar com o quorum, mas com a responsabilidade dele, que é pautar o tema em plenário ? afirmou o petista.

Chico Alencar disse também que, durante a reunião de líderes desta terça, Maia afirmou ter a convicção de que, ao marcar a data da votação em plenário, o quorum será de ao menos 500 deputados.

? Ele disse ter a convicção de que, marcando a data, vai dar quorum amplo, de que não viriam menos que 500 deputados. Chega de farsa e hipocrisia, vamos cobrar todos os dias.