Cotidiano

Partido islamista vence eleições legislativas no Marrocos

RABAT ? Os islamitas que lideram o governo de coalizão há cinco anos no Marrocos venceram as eleições legislativas, anunciou neste sábado o Ministério do Interior, um dia após a votação. O Partido Justiça e Desenvolvimento (PJD) do primeiro-ministro Abdelilah Benkirane obteve 125 dos 395 assentos do Parlamento, segundo os resultados provisórios oficiais, após a contagem completa dos votos. Em segundo lugar aparece o liberal Partido Autenticidade e Modernidade (PAM), que tenta frear o PJD, com 102 assentos.

Em terceiro lugar, ficou o partido Istiqual, a legenda mais antiga do país, que ficou com apenas 46 assentos ? uma redução de 14 lugares na comparação às eleições anteriores.

Embora tenha conquistado uma vitória com boa margem de vantagem, o partido islamita deverá fazer pactos com outros grupos, uma vez que o sistema eleitoral marroquino é desenado para impedir maiorias absolutas.

Já a esquerda histórica do país, cujo principal partido é a União Socialista das Forças Populares (USFP), perdeu ainda mais força do que nas legislativas de 2011. A legenda ficou no sexto lugar, com apenas 20 deputados, após ter conquistado 29 lugares há cinco anos. E a nova esquerda, a Federação de Esquerda Democrática (FDG, na sigla em francês), que se apresentava como uma terceira alternativa entre os islamistas e o PAM, acabou em décimo lugar, com apenas dois dos 395 assentos.

A abstenção na votação, no entanto, foi alta: 57% dos marroquinos preferiram não ir às urnas. O índice supera em dois pontos percentuais o número registrado em novembro de 2011, as primeiras eleições após a primavera árabe marroquina. Nas ruas, não era difícil encontrar quem se recusasse a votar por insatisfação com as políticas no país.

? Em cinco anos de PJD, não vi nada de bom ? disse Sara el Arus, estudante de 24 anos, ao “El País”. ? Nos disseram que teríamos todos bolsas universitárias, e isso é mentira. E os programas de ensino continuam defasados, não há visão estratégica. Se aprendem coisas que depois não são úteis para encontrar um trabalho.