Cotidiano

Parte da PM volta a patrulhar as ruas de Vitória

Parte dos policiais militares do Espírito Santo volta ao trabalho

VITÓRIA ? Algumas dezenas de policiais militares atenderam ao chamado do Comando-Geral da PM e se apresentaram para trabalhar nos pontos de Vitória a partir das 16h deste sábado. Somente policiais que estavam de folga ou de férias, ou seja, não estavam dentro dos batalhões ocupados pelo movimento, voltaram ao trabalho na Praça Oito, Praça do Papa e na rodoviária da capital. Até o início da tarde, 137 pessoas morreram no estado desde o último sábado, quando teve início a paralisação dos policiais.

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A partir da Praça Oito, por volta das 16h, cerca de 20 policiais fardados começaram a patrulhar as ruas do centro comercial de Vitória. Havia ainda cerca de 70 policiais que se apresentaram para trabalhar, mas, como não estavam com suas fardas, se reuniram na praça enquanto aguardavam uma decisão do comando-geral. Os policiais não podem fazer patrulhamento ostensivo sem estarem fardados.

A Secretaria estadual de Segurança confirmou que os policiais se apresentaram ao trabalho, mas não informou o número exato de agentes que estão nas ruas. Segundo o órgão, o mesmo movimento acontece em Cachoeiro do Itapemirim, município no sul do estado.

Um capitão da PM ouvido pelo GLOBO na Praça Oito disse que os policiais que se apresentaram são os que acham que a paralisação já deveria ter terminado.

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O governo do Espírito Santo acredita que o anúncio de punições aos policiais feitos desde ontem tenha influenciado a decisão dos agentes de atender ao chamado do comandante-geral da PM. Esta ofensiva contra os grevistas incluiu o indicamento de 703 policiais militares, o anúncio de que as tropas federais permanecerão no estado por tempo indeterminado e a promessa do governo Temer de que sua base aliada no Congresso não votará a anistia aos policiais.

Os policiais militares do estado estão parados nos quarteis, por uma reivindicação de melhores salários, desde o sábado passado. Na noite da última sexta-feira, o governo do Espírito Santo anunciou que havia chegado a um acordo com entidades de classe de policiais. No entanto, PMs mantiveram a paralisação neste sábado, enquanto as mulheres e familiares completam o movimento ocupando as entradas dos batalhões.

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GOVERNO PROMETE VETAR ANISTIA

Mais cedo, o ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, afirmou que o Palácio do Planalto mobilizará sua base aliada no Congresso para vetar qualquer projeto de lei para anistiar os policiais militares do Espírito Santo. A corregedoria da Polícia Militar do estado já indiciou 703 praças pelo crime de revolta (quando há insubordinação em conjunto e armada) e, caso eles sejam condenados nos tribunais militares, apenas uma lei de anistia aprovada pelo Congresso poderia livrá-los da punição.

? Aqueles que porventura imaginam que terão qualquer tipo de iniciativa na linha de anistia no Congresso, deixo claro que não haverá a menor possibilidade de apoio da base política do presidente Michel Temer. É importante deixar isso claro, pois há movimentações iludindo pessoas que estão em greve como se fossem escapar de uma penalização ? disse Imbassahy, à saída da reunião que discutiu a crise de segurança no estado no Palácio Anchieta, sede do governo capixaba.

Também neste sábado, o ministro da Defesa, informou que as tropas federais ficarão no Espírito Santo pelo tempo que for necessário, até que o policiamento volte a ser restabelecido.

? A determinação do presidente da República é envolver todos os recursos necessários, pelo tempo que for necessário ? disse Jungmann, em pronunciamento no 18º Batalhão de Infantaria, em Vilha Velha, região metropolitana de Vitória. ? Quanto à PM, é um tema que cabe ao governo do estado, a quem vamos apoiar em todas as decisões que tomar. As reivindicações são justas, sabemos todos, mas o limite da legitimidade da reivindicação é a proteção e a vida da sociedade. Isso é inaceitável. Aqueles que são bons policiais, devem honrar seu juramento. Fazemos um apelo aos bons policiais que honrem suas fardas e seus juramentos e venham às ruas.

Durante a tarde, Jungmann e Imbassahy participaram de uma reunião no Palácio Anchieta com os governadores em exercício e licenciado do Espírito Santo, César Colnago e Paulo Hartung, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro interino da Justiça, José Levi Amaral e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sergio Etchegoyen.

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