Cotidiano

Parte da obra no sítio de Atibaia foi para receber acervo de Lula, diz Bittar

SÃO PAULO. Fernando Bittar, filho do ex-sindicalista Jacó Bittar, afirmou à Polícia Federal (PF) que parte das obras no sítio de Atibaia foram feitas para receber o acervo presidencial do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O depoimento foi prestado na última segunda-feira, na sede da PF em São Paulo. Bittar disse ter feito diretamente obras de segurança, instalação de gerador e de circuito fechado de tevê. As demais benfeitorias, afirmou, foram acompanhadas por “Aurélio” (Aurélio Pimentel, segurança da Presidência, que disse ter acompanhado os serviços a pedido da então primeira dama Marisa Letícia).

Bittar afirmou que o sítio, formado por duas matrículas diferentes no Registro de Imóveis, foi comprado por R$ 1,5 milhão para uso da família, que queria receber amigos. Como não tinha dinheiro para comprar e não conseguiu vender um outro sítio, na cidade de Manduri (SP), ele teria pedido para que Jonas Leite Suassuna Filho, seu sócio, comprasse uma das matrículas, a de menor área. Bittar afirmou que pagou R$ 500 mil e que o dinheiro teria sido emprestado pelo pai ao longo de anos anteriores, desde 2007, e depois lavrado como doação na declaração de Imposto de Renda.

No mesmo ano em que comprou o sítio, 2010, Bittar comprou o apartamento onde mora – pagou entrada de 20% e financiou o restante em 20 anos, pagando parcela mensal de R$ 8 mil. Á PF, ele disse que tinha condições financeiras de bancar a manutenção do sítio de Atibaia, que seria de cerca de R$ 5 mil por mês.

Um relatório de avaliação do sítio, feito pela Polícia Federal, mostra que a parte que pertence a Bittar corresponde a 77% do valor de mercado do sítio. Os peritos chegaram à conclusão que a parte de Bittar foi subvalorizada e a de Suassuna, sobrevalorizada na escritura.

Bittar disse que conheceu Paulo Gordilho, engenheiro da OAS, quanto falaram sobre a reforma da cozinha do sítio, mas não teve envolvimento com a cozinha instalada no tríplex do edifício Solaris, no Guarujá – as duas cozinhas planejadas teriam sido pagas pela construtora OAS. Afirmou também que não sabia das reformas no apartamento do Solaris e que nunca falou sobre o tema com Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, seu sócio em algumas empresas.

Bittar afirmou ser diretor comercial da G4, empresa que mantém em sociedade com Lulinha, mas afirmou que não poderia esclarecer sobre fornecedores e clientes da empresa porque não a adminitra – o responsável estatutário pela G4 seria Lulinha.