Cotidiano

Parceiros da vida

Seguindo o exemplo do filho, Terezinha Bonin, de Nova Prata do Iguaçu, veio a Cascavel para sua boa ação anual. Ela está entre as dezenas de pessoas que todos os dias vão até o Hemocentro e doam parte do seu tempo para salvar vidas.

“Meu filho começou a doar sangue ainda bem jovem e a cada três meses faz isso. Percebi que também tinha que ajudar outras pessoas, até porque algum dia pode ser a gente que precise. O sangue é um ‘produto que não se fabrica’ e só depende de nós para atender a necessidade dos outros”, relata Terezinha.

A voluntária lembra a primeira vez em que doou. “Participava de um grupo de WhatsApp e lá pediram doações a uma determinada pessoa. Vendo aquilo, seguindo os passos de meu filho e sabendo de como era fácil, decidi me tornar uma doadora”, conta.

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, em 2016 mais de 20 mil pessoas foram até o Hemocentro de Cascavel como candidatos à doação de sangue. Em relação ao total de bolsas coletadas, o número chega a 13.049 em todo o ano passado. Vale lembrar que para fazer a coleta vários critérios precisam ser seguidos, com algumas restrições.

No Paraná, mais de 210 mil voluntários foram candidatos à doação em 2016. Do total, foram coletadas quase 170 mil bolsas de sangue. Neste ano, de janeiro a agosto há o registro de 130.810 possíveis doadores e em torno de 105 mil coletas.

Mais e mais

A média de doações mensal em Cascavel é de 1,2 mil bolsas, segundo o diretor do Hemocentro, Antonio Carlos Michels de Oliveira. Ele reforça que, embora os estoques permaneçam regulares na maior parte do tempo, ações que resultem em um acréscimo no número de voluntários precisam ser realizadas constantemente.

“Fazemos palestras nas comunidades e associações de moradores mostrando a necessidade que temos. Também contamos com o apoio das ACS [Agentes Comunitárias de Saúde] que têm contato direto com as famílias e podem identificar possíveis doadores”, diz. Todo esse trabalho é posto em prática para atingir meta determinada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que preconiza que 3% da população brasileira sejam doadoras de sangue. Hoje, a média nacional está em 1,8%, abaixo da municipal, que é de 2%.

Selo de reconhecimento

Hoje, às 8h, voluntários selecionados pela Rede Hemepar recebem o Selo de Parceiro da Doação, homenagem alusiva ao Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, celebrado neste sábado (25). A cerimônia será no Hemocentro.

Conforme a assistente social Eliane Avancini, o selo é uma forma de agradecer e de reconhecer o papel destas pessoas ao longo dos anos. “O selo é entregue às pessoas que estão sempre dispostas a doar, que se destacam de alguma forma”, diz.

Por dia, 80 doadores de sangue são necessários para manter o estoque em dia. O Hemocentro de Cascavel abastece 19 hospitais, três deles com maior volume: O Huop (Hospital Universitário do Oeste do Paraná), a Uopeccan e o Ceonc.

Porém, para garantir que nada falte, Eliane faz um trabalho minucioso de captação de voluntários, sejam de repetição ou novos. “Não dá pra relaxar. Se esperarmos a busca espontânea pela doação não se atinge a meta diária. Quando o número de doadores está baixo a Assistência Social faz contato com os municípios da 10ª Regional de Saúde para manter este equilíbrio”, explica.

Hoje, o tipo sanguíneo com menor estoque é também o mais comum. Eliane pede que pessoas com tipo O+ agendem um horário pelo 3226-4549 e façam a coleta.

 

Como ser um voluntário

Para ser um doador voluntário de sangue é preciso estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 67 anos (menores de idade com autorização e presença do responsável legal), pesar no mínimo 50 quilos e estar descansado e alimentado no momento da coleta. Na hora do cadastro é necessário estar munido de documento oficial com foto (RG, carteira de trabalho, passaporte ou CNH).

Neri Antonio Hoffmann está sempre atento a essas condicionantes e pelo menos uma vez ao ano está no Hemocentro. “Já doei quatro vezes e tudo começou ao ver a necessidade de cada um. Nunca tive um caso específico na família, mas é sempre bom pensar no outro”, afirma.

Homens podem doar sangue a cada 60 dias, e no período de 12 meses até quatro doações. Já as mulheres em um intervalo de 90 dias, e no período de 12 meses até três doações.