Política

Paraná: MPF pede que presos não sejam liberados

Curitiba – O MPF (Ministério Público Federal) pediu ontem a conversão da prisão temporária dos seis presos na 48ª fase da operação da Lava Jato, denominada Operação Integração, deflagrada na quinta-feira (22), em preventiva, ou seja, sem prazo para que deixem a prisão.

O pedido foi encaminhado ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância. As prisões temporárias venceram ontem.

A alegação do MPF é de que um grande volume de material foi apreendido e há "extrema e comprovada necessidade de prosseguir na completa análise de todo o conteúdo obtido nas diligências de buscas bem como nas interceptações telefônicas, o que poderá reforçar ainda mais os argumentos".

A 48ª fase apura corrupção, fraude a licitações e lavagem de dinheiro na gestão das concessões de rodovias federais no Paraná. Além dos seis mandados de prisão, a PF (Polícia Federal) cumpriu 55 mandados de busca e apreensão; a Casa Civil, na sede do governo estadual, foi um dos alvos.

De acordo com a investigação, o valor do pedágio foi superfaturado para financiar a corrupção. Nelson Leal, então diretor-geral do DER-PR (Departamento de Estradas de Rodagem no Paraná), foi preso suspeito de usar o cargo que ocupava para editar atos em favor das concessionárias. Além dele, foram presos: Oscar Alberto Gayer da Silva – ex-funcionário do DER-PR; Wellington de Melo Volpato – sócio da Eco Sul Brasil Construtora; Hélio Ogama – diretor-presidente da Triunfo Econorte; Leonardo Guerra – administrador da empresa Rio Tibagi; e Sandro Antônio de Lima – funcionário da Econorte. Eles são investigados por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, associação criminosa e peculato.

Pedágios caros

Perícias técnicas realizadas pelo MPF apontaram um superfaturamento nos valores das obras das concessionárias. Um laudo técnico mostrou que o sobrepreço de itens da planilha chegou a 89% em relação ao valor de mercado. O desvio de dinheiro para pagamento de propina pode ter trazido prejuízo para motoristas que passam pelo Paraná.

No pedido de prisão, o MPF afirma que Nelson vinha usando o cargo para editar atos em favor das concessionárias. Ele nega as acusações. Depois da prisão, o governador Beto Richa (PSDB) determinou o afastamento dele do cargo.

De acordo com o MPF, a concessionária Econorte recebeu cerca de R$ 2,3 bilhões de tarifas pagas pelos usuários entre 2005 e 2015. Desse valor, pelo menos R$ 63 milhões foram repassados para empresas de fachada ou sociedades cuja prestação de serviço ou entrega de produtos não foi confirmada.

Casa Civil

O delegado da PF Igor Romário de Paula afirmou que a busca na Casa Civil foi "limitada à mesa de trabalho" de um dos investigados: Carlos Nasser. Ele é funcionário com cargo em comissão da Casa Civil, além de ser considerado o homem de confiança de Beto Richa e de Valdir Rossoni.

O MPF chegou a pedir a prisão de dele, mas Moro determinou apenas a busca e apreensão na sala dele.

Ainda conforme o MPF, Nasser recebeu quase R$ 3 milhões de duas empresas ligadas ao Grupo Triunfo, do qual faz parte a Econorte.

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Deputados querem que MPF cobre redução do pedágio

A Operação Integração foi assunto da sessão de ontem na Alep (Assembleia Legislativa do Paraná) e agora os deputados querem que o MPF peça na Justiça a redução do valor dos pedágios. Pelo menos é isso o que sugeriu o líder do Governo, Luiz Claudio Romanelli (PSB): ele anunciou que vai encaminhar um requerimento ao MPF pedindo que os procuradores responsáveis pela operação da Lava Jato entrem com ação na Justiça para cobrar a redução das tarifas do pedágio e a garantia da manutenção das obras em andamento.

Segundo Romanelli, o Estado perdeu todas as ações que entrou contra as concessionárias durante o Governo Requião. Contudo, ele não citou que no seu primeiro ano de mandato o governador Beto Richa suspendeu as cerca de 200 ações que tramitavam para tentar o diálogo com as concessionárias. Não houve diálogo nem as ações foram retomadas.

Romanelli citou que, segundo a Lava Jato, o preço do pedágio no Paraná é quatro vezes maior do que o valor correto: “Então vamos apresentar um requerimento ao MPF pedindo providências imediatas para reduzir a tarifa do pedágio, porque não adianta ficar só na crítica. Nós aqui não temos poder para fazer isso. O Estado do Paraná também não conseguiu, porque a Justiça Federal disse não. Então quero conclamar a Casa para que tenhamos uma ação proativa para cobrar ação da Lava Jato, e não só discurso”, desdenhou.