Cotidiano

Paraná é solidário à Ucrânia e entidade convoca todos para reuniões nas igrejas

Domingo (27) e quarta-feira (2), comunidade ucraniana está sendo convocada se reunirem nas suas igrejas

Paraná é solidário à Ucrânia e entidade convoca todos para reuniões nas igrejas

Cascavel – O mundo, ou pelo menos o Brasil, acordou estarrecido com o ataque militar da Rússia contra a Ucrânia, na quinta-feira (24), ignorando todos os apelos pelo diálogo e pela paz. A investida russa mobilizou o Governo do Estado do Paraná que emitiu uma nota de solidariedade a população ucraniana, diante deste “pesadelo” com a ofensiva militar ao país. “Compartilhamos com nossos irmãos ucranianos a preocupação com as consequências desse conflito e esperamos que uma solução diplomática seja encontrada com rapidez e evite mais sofrimento para a população civil daquele país”, ressaltou o governador em exercício Darci Piana.

Por outro lado, a comunidade ucraniana brasileira já está se mobilizando e faz um apelo ao povo brasileiro para que não aceite as agressões da Rússia contra a Ucrânia por meio de documento assinado por Vitório Sorotiuk, presidente da RCBU (Representação da Central Ucraniana Brasileira), que tem sede em Curitiba. A reportagem do Jornal O Paraná já havia conversado com Sorotiuk na semana passada, quando ele expressou a preocupação diante de toda situação e tensão que já estava evidente.

Segundo o documento, a comunidade ucraniana brasileira, composta por aproximadamente 600 mil descendentes de ucranianos, condena a cruel agressão russa e chama o povo brasileiro a dar o apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia, além da ajuda humanitária.

“A agressão russa à Nação ucraniana não é uma agressão somente ao povo ucraniano, ela atinge os fundamentos da Carta das Nações Unidas que é a busca da paz e da não agressão, da convivência pacífica dos povos e a solução pacífica dos conflitos, ela atinge toda a humanidade”, disse Vitório.

Para ele, esta é uma agressão militar, política e cultural. “Forças militares atacam a Ucrânia em seu todo o seu território, politicamente busca negar a existência do próprio estado nação ucraniano e, culturalmente, é a negação de nossa língua, religiosidade, tradições e modo de ser. A agressão russa é a agressão ao sistema democrático da Ucrânia”, disse o presidente RCBU.

A entidade ainda convoca todos os povos que realizem manifestações contra a agressão militar russa a Ucrânia e, ainda, reforçaram a convocação a toda comunidade ucraniana brasileira para as reuniões nas igrejas no domingo, dia 27, e na quarta-feira, 2 de março.

 

Anos de disputa

Vitório lembrou que desde 2014, quando ocorreu essa ocupação na região da Crimeia, a Ucrânia vive em uma guerra hídrida e em uma constante preocupação, que só piorou agora com essa tensão do governo Russo, e o cerco dos soldados ao país e agora com o ataque. A Ucrânia em 1994 era o terceiro arsenal nuclear do planeta e desfez-se dessas armas de destruição em massa em troca da assinatura pela Rússia, Estados Unidos, Inglaterra e Irlanda do Norte, depois tendo se somado a França e a China no denominado Memorando de Budapeste de garantias em respeitar a independência, a soberania e as fronteiras existentes da Ucrânia naquela data.

Em 2014 a Rússia ocupou ilegalmente a Crimeia, quebrando o acordo do Memorando de Budapeste e travou uma guerra de agressão nas províncias do leste ucraniano de Donetsk e Luhansk. Esta guerra custou à Ucrânia mais de 14 mil mortos, mais de 30 mil feridos e 1,5 milhão de deslocados internos.  Muitos dos mortos, feridos e deslocados são familiares de brasileiros.

 

Comunidade brasileira

Vitório explicou que os ucranianos são uma imigração antiga no país e que os brasileiros descendentes de ucranianos no país, 80% vive no Paraná, espalhados em cerca de 80 cidades, principalmente na Região Metropolitana de Curitiba, Prudentópolis, União da Vitória, Ponta Grossa. Em Cascavel, também existe uma presença bastante forte da comunidade, inclusive uma igreja com traços arquitetônicos do país e um grupo de dança ucraniana.

 

 

 

Ucranianos brasileiros pedem apoio à Brasília

 

Há mais de um mês, no dia 17 de janeiro, a RCBU (Representação da Central Ucraniana Brasileira) já havia encaminhado um ofício ao Ministro das Relações Exteriores do Brasil, nominando todas as entidades integrantes, solicitando apoio do Brasil à Ucrânia. Neste documento três pontos específicos foram apontados, mas até agora o Governo Federal não se manifestou.

O primeiro deles informando que a comunidade como um todo está preocupada com a tensão que chegou aos ucranianos no Brasil, segundo ponto de que o país não deve se abster de uma posição e deve se posicionar de forma pacífica diante do conflito e por último de que a crise é dimensão nacional e que pode desestabilizar o próprio Brasil, que é um parceiro comercial da Ucrânia.

Além disso, foi elaborada uma carta encaminhada por milhares de membros da comunidade e amigos aos presidentes das Comissões de Relações Internacionais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A RCBU vem desenvolvendo contatos com parlamentares de todos os partidos políticos, buscando apoio nas diversas instituições nacionais para aumentar a solidariedade à Ucrânia.

 

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Itamaraty prepara retirada de brasileiros

 

Brasília – O Ministério das Relações Exteriores informou ontem (24) que está preparando um plano de evacuação dos brasileiros que estão na Ucrânia, cerca de 500 pessoas. Ainda não há data nem locais definidos para a retirada. Por conta do fechamento do espaço aéreo, a evacuação será feita exclusivamente por via terrestre.

“O local e o momento em que os brasileiros serão chamados a se concentrar, para fins de evacuação, serão amplamente difundidos pela embaixada, por meio de seus canais de comunicação com a comunidade brasileira. É, portanto, muito importante que todos se cadastrem”, informou o embaixador Leonardo Gorgulho, secretário de Comunicação e Cultura do Itamaraty, durante coletiva de imprensa em Brasília. O serviço consular brasileiro está renovando o cadastramento dos brasileiros que estão na Ucrânia. Os contatos podem ser feitos diretamente na página da Embaixada do Brasil em Kiev, pela página do Facebook e em grupo do aplicativo Telegram. Até agora, cerca de 160 brasileiros se recadastraram.

Manifestações

Em postagem nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro reforçou as orientações do Itamaraty para o recadastramento das pessoas e o contato permanente.  “Estou totalmente empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia”, publicou.

Mais cedo, por meio de nota oficial, o Palácio do Itamaraty se posicionou sobre o conflito entre Ucrânia e Rússia, com um apelo para um cessar-fogo imediato.   “O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”.

Foto Celso Dias