Saúde

Paraná decide antecipar vacinação de professores e profissionais da educação

Mesmo sem aval do MS, Paraná decide antecipar a vacinação de professores

Paraná decide antecipar vacinação de professores e profissionais da educação

Curitiba – Após o governo estadual prometer, recuar e voltar a tocar no assunto na semana passada, coube ao líder do Governo na Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), deputado Hussein Bakri (PSD), anunciar ontem (3) que a Secretaria de Estado da Saúde decidiu antecipar o início da vacinação de professores e demais profissionais da educação do Paraná contra a covid-19. A incerteza decorre da falta de autorização do Ministério da Saúde para o “desvio” das doses.

Segundo Bakri, o secretário Beto Preto pretende iniciar a vacinação de professores e profissionais da educação ao mesmo tempo em que a imunização das pessoas portadoras de comorbidades, que começa hoje.

De acordo com o líder governista, Preto planeja remanejar doses da vacina para os profissionais da educação, mesmo que o Ministério da Saúde não concorde com a reivindicação do Paraná.

“A Sesa está fazendo um planejamento para vacinar os professores em paralelo ao grupo das comorbidades. Recebi agora há pouco no meu WhatsApp do secretário Beto Preto (sic). O secretário disse que, mesmo que o Ministério da Saúde não se manifeste sobre o ofício do Paraná, o Estado estuda remanejar por decisão própria doses da vacina para os profissionais da educação. Que, afinal de contas, o Estado recebeu 438 mil doses que chegaram no sábado”, disse Bakri.

A reportagem consultou a Sesa sobre o assunto, mas as perguntas foram ignoradas.

Pedido oficial

Em março, tanto o secretário quanto o governador Ratinho Junior chegaram a anunciar a antecipação da vacinação dos profissionais da educação tão logo fosse concluída a fase dos idosos. Com a promessa de receber mais vacinas, a meta era vacinar os professores ainda em abril para que, em maio, as aulas presenciais pudessem ser retomadas em todo o Estado.

Ao longo do mês, com a dificuldade em receber novas doses, o governo foi desconversando sobre o assunto. Tanto Beto Preto quanto Ratinho Junior solicitaram, pessoalmente, autorização do ministro Marcelo Queiroga para iniciar a vacinação desses profissionais. Nenhum conseguiu.

Na semana passada, o secretário foi a Brasília, onde apresentou ao ministério um pedido formal de antecipação da vacinação dos profissionais e trabalhadores da educação. O Estado defende a readequação do calendário nacional para que a imunização de docentes e servidores aconteça simultaneamente às pessoas com comorbidades.

Na ocasião, Beto Preto entregou um ofício ao secretário Nacional de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, reforçando o posicionamento do Paraná. Ele destacou que a mudança na orientação e a garantia das doses precisam partir do Ministério da Saúde. “Queremos vacinar os professores. Precisamos de vacinas. Vamos enfatizar esta posição do Paraná acerca da cobertura da Educação. Cabe ao Ministério essa revisão”, disse. A resposta oficial não foi divulgada.

Pelo calendário de vacinação, o próximo grupo a ser vacinado é de pessoas com comorbidades, cerca de 1,3 milhão. Na sequência vêm pessoas com deficiência grave (400.682), em situação de rua (3.391), presos (61.465) e somente então os profissionais da educação, nos itens 18 e 19. O primeiro grupo tem 169.057 pessoas e inclui profissionais de creches, ensino fundamental e médio, e da assistência social (Cras, Creas etc). O segundo, com 54.110 pessoas, é de trabalhadores do ensino superior.

Cascavel inicia imunização pela rede pública

Cascavel deu importante passo na vacinação contra a covid-19 nessa segunda-feira (3) com o início da imunização de professores e servidores da rede municipal de ensino. Na última semana, a Câmara de Vereadores aprovou lei que garantia a inclusão dos profissionais no grupo prioritário de imunização.

Ontem, foram vacinados 174 professores e servidores da Escola Maria Fagnini e dos Cmeis Leonides Ezure e Felisbina Bittencourt, onde parte dos alunos já voltou às aulas presenciais. Uma zeladora se recusou a receber a vacina.

Cobrado sobre o cronograma de vacinação, o secretário de Saúde de Cascavel, Miroslau Bailak, disse que se dará por meio da incidência da doença: “Continuaremos vacinando nossos professores com base no coeficiente de incidência da doença, então, de acordo com a incidência da doença, onde for maior, estaremos escolhendo as escolas que farão a vacinação na sequência”, resume.

Segundo ele, as doses utilizadas para os professores serão abatidas das 6 mil doadas pelo Ministério da Saúde no início de março, quando Cascavel enfrentava o colapso no sistema de saúde. “Não estamos tirando vacina de ninguém”.

Serão necessárias aproximadamente 24 mil doses para a imunização do grupo, com as duas doses.

Na semana passada, o prefeito Leonaldo Paranhos disse que, como não haveria remessa própria para os educadores, o Município iria retirar de 5% a 8% de cada próximo lote para esse público.

Vacinas para grávidas e pessoas com comorbidades serão distribuídas hoje

Com a nova remessa de vacinas recebidas na manhã dessa segunda-feira (3), o Paraná dará início à imunização contra a covid-19 de pessoas com comorbidades, com deficiência permanente, grávidas e puérperas. Foram enviadas pelo Ministério da Saúde ao Estado 391.500 doses da Covishield, da Universidade de Oxford/AstraZeneca/Fiocruz, que, somadas às 14.600 unidades da Coronavac, fabricada pelo Instituto Butantan/Sinovac, entregues no sábado (1º), totalizam 406.100 doses disponíveis para aplicação na população paranaense.

Estavam sendo esperadas para ontem 32.760 doses de vacinas da farmacêutica norte-americana Pfizer, produzida em parceria com a empresa de biotecnologia alemã BioNtech. Essas doses serão aplicadas apenas em Curitiba.

As vacinas compõem o 16º lote encaminhado ao Estado. Elas serão distribuídas nesta terça para as 22 Regionais que integram a rede de saúde do Paraná para que os municípios possam dar continuidade à vacinação.

Do quantitativo de vacinas AstraZeneca/Fiocruz, serão destinadas 235.991 primeira dose de pessoas com comorbidades, gestantes e puérperas, além de pessoas com deficiência permanente grave. O Paraná estima em 1.729.359 o número de pessoas inclusas nesses segmentos. Do lote da Covishield, serão 116.269 imunizantes para continuar a vacinação de primeira dose de pessoas com 60 a 64 anos (21%). O restante é guardado como reserva técnica.

“Todas as gestantes podem ser vacinadas nesta etapa. Já puérperas, apenas as que apresentam comorbidades”, destacou o secretário Beto Preto. “Essas doses são reservadas para casos mais graves, como pacientes que realizam hemodiálise, pacientes renais crônicos, pessoas com Síndrome de Down, cardiopatias graves, doenças pneumáticas severas, diabetes médios e graves, câncer, trasplantados e imunossuprimidos”.

As pessoas com Síndrome de Down, com doença renal crônica, gestantes e puérperas serão vacinadas independentemente da idade, enquanto a vacinação daquelas com comorbidades ou deficiência permanente severa, nesse primeiro momento, alcançará apenas aqueles que têm entre 55 e 59 anos, depois de 50 a 54 anos, e assim por diante.

Covid já matou 22.529 paranaenses

A Secretaria de Estado da Saúde divulgou nessa segunda-feira (3) mais 1.359 casos de covid-19 e 63 óbitos. Os dados acumulados do monitoramento mostram que o Estado soma 949.530 casos e 22.529 óbitos.

O informe relata que 4.737 pessoas estão internadas em alas exclusivas para covid-19, das quais 2.168 em UTI.

Sobre os óbitos informados ontem, tratam-se de 28 mulheres e 35 homens, com idades que variam de 32 a 83 anos. Os óbitos ocorreram de 22 de março de 2020 a 02 de maio de 2021.