Saúde

Paraná atinge maior número de casos ativos de covid-19 desde o início da pandemia

Saúde diz que período é de agudização da Pandemia

Paraná atinge maior número de casos ativos de covid-19 desde o início da pandemia

Reportagem: Cláudia Neis

Foz do Iguaçu – Apesar de ter passado o pico da pandemia em agosto, o Paraná registra agora o maior número de casos ativos do novo coronavírus, quando o infectado pode transmitir a doença. Conforme o Boletim Estadual divulgado pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) ontem, o Paraná tem 55.235 casos ativos. Até então, o recorde era de pouco mais de 43 mil, registrado em períodos pós-feriado, no auge da pandemia.

Além disso, os boletins mostram aceleração nos números a partir do dia 10 de novembro, período pós-feriado prolongado de Finados.

De acordo com levantamento do pesquisador Domingos Alves, responsável pelo Laboratório de Inteligência em Saúde da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e um dos responsáveis pelo portal Covid-19 Brasil, que reúne dezenas de especialistas de diferentes áreas em torno da produção de estatísticas e análises da propagação do novo coronavírus no País, o Brasil está vivendo – assim como os Estados Unidos e a Europa – uma nova onda de contágios. Ele se baseia na evolução da taxa de reprodução (Rt) do coronavírus no País, que indica que a pandemia voltou a crescer.

Essa taxa é calculada com base no aumento de novos casos e permite saber quantas pessoas são contaminadas por alguém que já está infectado. Se o índice fica acima de 1, isso indica que a pandemia está se expandindo. Quando está abaixo, é sinal de que a pandemia está perdendo intensidade. No caso do Brasil, a taxa era de 1,12 em 16 de novembro; no Paraná, a situação é mais crítica: a taxa alcançou 1,62.

 

Agudização

Em resposta à reportagem, a Sesa confirma que aumento da taxa de transmissão do novo coronavírus está em ascensão no Paraná. O número de casos tem aumentado nos últimos dias e pode ser consequência dos feriados que ocorreram nas semanas anteriores, como nos dias 2 de novembro e 12 de outubro, além da movimentação da campanha eleitoral.

Ressaltou ainda que o Paraná está num período de agudização da pandemia. “Não se trata, portanto, de segunda onda, mas de uma nova etapa de crescimento acelerado de casos. A curva de crescimento de casos é extremamente preocupante, assim como o aumento de casos graves que demandam internações”, reforçou.

 

Leitos

Sobre os leitos de exclusivos para o tratamento da doença que foram desativados, a Sesa informou que estuda diariamente a ocupação de leitos e avalia a necessidade de reativar alguns. Porém, para que leitos sejam ativados, a Sesa cumpre uma série de exigências legais e acorda com as unidades hospitalares quantos e quais leitos serão disponibilizados.

Sobre a possibilidade de suspensão das cirurgias eletivas, retomadas há poucas semanas, a secretaria informou que ainda não há resolução nesse sentido até o momento.

 

Testagem

O Estado também orientou os municípios para que ampliem a testagem, pois, segundo o secretário de Saúde, Beto Preto, um dos pontos fortes da estratégia de enfrentamento da covid-19 no Paraná é a capacidade ampla para a testagem. A medida garantiu, por exemplo, um aprofundamento no trabalho de bloqueio e de acompanhamento dos casos registrados nos municípios. “A nossa vacina hoje é a testagem, é o exame RT-PCR, o teste que identifica que a pessoa está infectada e que deve ficar isolada”, afirma o secretário.

Embora os laboratórios que atuam com testagem no Paraná tenham capacidade instalada para processar mais de 5 mil amostras por dia, a demanda reduziu. “Temos nosso laboratório Lacen, o IBMP, que é parceiro, e outros laboratórios que atendem também SUS localizados em outras regiões do Estado. Precisamos que os municípios se organizem e façam a coleta para mais exames RT-PCR para identificação da doença”, ressalta Beto Preto. “Essa busca de casos na ponta, lá no primeiro atendimento é uma das medidas para reduzir o dano da doença”.


Foz tem 400% de crescimento e pede ajuda ao Ministério da Saúde

 

Foz do Iguaçu – Nos últimos 30 dias, o município de Foz do Iguaçu viu crescer em 426% o número de infectados com coronavírus. Diante disso, o Município vê ainda com mais preocupação a falta de médicos para integrar o corpo clínico de atendimento aos pacientes, já percebida antes da abertura da Ponte da Amizade, dia 15 de outubro.

A prefeitura já havia solicitado ao Ministério da Saúde auxílio para a contratação de mais médicos, dentro do Plano de Contingência elaborado para reabertura da ponte. Sem resposta, encaminhou novamente ofício ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, solicitando celeridade no processo de solicitação de profissionais de saúde devido ao aumento de contaminação.

No ofício, o Município ressalta a necessidade de 20 profissionais, dez para atuar em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e outros dez para atuar em Pronto-Socorro Respiratório.

“Precisamos muito de médicos para compor o corpo clínico do Hospital Municipal. Estamos tentando facilitar o máximo possível a vinda de médicos para cá, conversamos com o prefeito Chico Brasileiro, inclusive sobre a possibilidade de o Sindicato dos Hotéis ajudarem com estada das famílias dos médicos temporariamente até que os profissionais possam se estabilizar, disponibilizando quartos, ajudando a atrair os médicos. Nós temos a necessidade de expandir a oferta de leitos, isso é um gargalo pra nós e, para isso, precisamos de médicos”, ressalta o diretor técnico do Hospital Municipal, Fabio Marques.

A taxa de ocupação de leitos, especialmente de UTI, vem registrando alta no Município e, mesmo com o aumento de dez vagas na última terça, a taxa de ocupação passou de 77% para 85%.

Havia ontem em Foz 515 casos ativos, com potencial de transmissão. Cascavel tinha 436 e Toledo, 253. O prefeito de Toledo, Lucio de Marchi, testou positivo para a covid-19 e está em observação hospitalar.

 

Paraná se aproxima de 244 mil infectados  

A Secretaria de Estado da Saúde divulgou nessa quarta-feira (18) mais 1.328 casos confirmados e 35 mortes em decorrência da infecção causada pelo novo coronavírus. O Informe traz também a confirmação de 1.712 casos retroativos, que ocorreram de 23 de maio a 16 de novembro e que estavam com investigação em aberto. Os dados acumulados do monitoramento da covid-19 mostram que o Paraná soma 243.654 casos e 5.742 mortos em decorrência da doença.

Nessa quarta, a Média Móvel de casos registrou aumento de 115,5% em relaço a 14 dias atrás. Já a média de mortes ficou 6,7% abaixo em relação aos registros do mesmo período. Nos últimos dias o percentual de queda das médias mortes vem diminuindo.

A Sesa informou ontem 1.775 pessoas internadas pela doença. Dessas, 690 com diagnóstico confirmado e outras 1.085 que aguardavam resultados de exames.