Economia

Paralisação de produção e falta de componentes afeta 50% das montadoras

Detran realiza leilão de 10.475 veículos, nas condições de reciclagem, sucata e atos à circulação em via pública - Curitiba, 09/05/2022
Detran realiza leilão de 10.475 veículos, nas condições de reciclagem, sucata e atos à circulação em via pública - Curitiba, 09/05/2022

São Paulo – A combinação do aumento de casos de covid-19 com a falta de componentes levou ao fechamento de metade das 60 fábricas de montadoras no País nas últimas duas semanas e 65 mil funcionários ficaram em casa, o equivalente a 60% da mão de obra do setor, sem contar o pessoal que já estava em home office.

A maioria retomou atividades na segunda-feira, mas dez seguem fechadas, com um total de 5 mil trabalhadores em licença ou férias coletivas. Novas paradas podem ocorrer nas próximas semanas em razão da escassez de semicondutores, problema também gerado pela pandemia e que afeta a indústria global.

O problema da falta de chips, que já paralisou fábricas em vários países desde o fim do ano passado, ainda não foi resolvido, informa o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes, e a previsão é que se estenda até o fim do ano.

A General Motors vai manter a fábrica de Gravataí (RS) fechada pelo menos até o fim de maio. É lá que o Onix, carro mais vendido no mercado brasileiro por vários anos seguidos, é produzido. Com a paralisação das linhas, ocorrida no início de março, o modelo está em falta e ficou em terceiro lugar em vendas no mês passado, atrás da picape Fiat Strada e do compacto Hyundai HB20.

A fábrica do grupo em São José dos Campos (SP) opera com apenas um turno de trabalho na linha da picape S10 e 600 funcionários estão em lay-off (com contratos suspensos) inicialmente por dois meses, mas podendo se estender por mais tempo. Já a unidade de São Caetano do Sul, no ABC paulista, que produz o SUV Tracker, entre outros modelos, parou uma semana para acompanhar a prefeitura local, que antecipou feriados para tentar conter o avanço da covid-19.

Assim como a GM, outras 13 fabricantes, com um total de 30 fábricas, ficaram paradas entre 7 e 12 dias, entre as quais Volkswagen, Renault, Toyota, Hyundai, Mercedes-Benz, Scania, Volkswagen Caminhões e Ônibus e Volvo. Entre as que só retornam na próxima semana estão Nissan, Honda e Jaguar Land Rover. A Mercedes-Benz retomou atividades na segunda-feira, mas está fazendo um rodízio em que a cada 12 dias um grupo de 1,2 mil trabalhadores entra em férias coletivas.

Produção

Apesar das paralisações, a produção de veículos em março somou 200,3 mil veículos, incluindo caminhões e ônibus, alta de 1,7% em relação a fevereiro e de 5,5% na comparação com março do ano passado, quando teve início a pandemia de covid-19. No acumulado do trimestre foram fabricadas 597,8 mil unidades, há queda de 2% em relação ao mesmo período de 2020.

As exportações também tiveram resultados positivos, com crescimento de 7,6% no trimestre, ou 95,8 mil veículos, dos quais 36,8 mil exportados em março – 19,5% a mais do que há um ano.

Foram vendidos no mês passado 189,4 mil veículos, também com melhora de 13,1% ante fevereiro e de 15,7% ante março de 2020. No trimestre, a queda é de 5,4%, para 527,9 mil unidades.

O estoque nas fábricas e revendas segue estável desde dezembro, na casa dos 100 mil veículos, suficientes para 15 a 16 dias de dezembro, considerado baixo. Muitos modelos têm fila de espera de até três meses.