Cotidiano

Para presidente da JBS, não reorganizar empresa é notícia desapontadora

SÃO PAULO – O presidente da JBS, Wesley Batista, classificou como ?notícia desapontadora? a decisão da companhia de cancelar a reorganização societária anunciada em maio deste ano, e que resultaria na transferência de 80% de seus ativos para a JBS Foods International, que teria sede na Irlanda, domicílio fiscal no Reino Unido e ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York.

? Em que pese a notícia desapontadora, nós estamos muito seguros e continuaremos em caminhos que tragam geração de valor à companhia ? disse o executivo em conferência com analistas de bancos encerrada há pouco.

Perguntado se houve um ponto específico que teria levado o BNDES a se opor objetivamente ao projeto de reestruturação, Batista disse apenas que o banco esteve ?bastante engajado? e trabalhou junto com a empresa ?sobre todos os aspectos da reorganização?, e chegou à conclusão de que este não seria ?o melhor caminho?.

? A proposta de reorganização como está não é o melhor caminho para a companhia na visão da BNDESpar ? disse.

Segundo ele, nessas conversas não se chegou a buscar um caminho alternativo de consenso com o BNDES.

? Não continuamos (as conversas) porque, no nosso entender, se esgotou a possibilidade de reorganização como estava colocada. O banco não acha o melhor caminho para a companhia e, por isso, decidimos cancelar (o processo) ? disse.

A BNDESpar integra o bloco de controle da JBS, tem cerca de 20% das ações, e pelo acordo de acionista que vigora até 2019 tem poder de veto em decisões do Conselho de Administração. Direito que foi exercido agora em relação ao plano de reorganização.

Quando foi aprovado pelo conselho da empresa, em maio, os representantes do BNDES ainda eram os indicados pelo presidente da instituição na época, Luciano Coutinho, indicado pela presidente Dilma Rousseff.

Com o impeachment da presidente e a troca de comando no banco, que passou a ser presidido por Maria Silvia Bastos Marques, os representantes da instituição no colegiado foram trocados, manifestando-se contra o plano. O banco só perderá o poder de veto se sua participação na JBS cair abaixo de 15%.

Sobre a relação atual com o BNDES, Batista disse que ?não muda nada?.

? A BNDESpar está na companhia há longa data e a relação sempre foi pautada pelo entendimento ? disse, admitindo: ? Houve, sim, uma mudança expressiva de estrutura dentro do banco. E isso cria uma curva de entendimento (do negócio da JBS) que leva mais tempo e é nova para as pessoas que chegaram depois no banco.

Na visão dos analistas, a reorganização como estava proposta sugeria que a JBS pretendia ampliar a atuação do grupo no mercado de capitais americano. Questionado sobre alternativas que agora seriam analisadas, Batista disse:

? Acreditamos que as plataformas construídas pela empresa nos últimos anos, com operações fortes em diferentes mercados, traz diversas alternativas para a companhia, mas ainda vamos analisar e no momento oportuno comunicaremos a todos. A companhia chegou aonde chegou com a estrutura atual e achávamos que esse era o melhor movimento (a reestruturação).