Cotidiano

Para especialista, repasse de recursos da União para Eletrobras pode ser paga por consumidores

RIO- Especialistas consideraram positivo a s decisões constantes na medida provisória 735/16, que fixa em até R$ 3,5 bilhões o repasse de recursos da União à Eletrobras, destinados para as distribuidoras do Norte e Nordeste, para bancar despesas com combustíveis . A MP retira também da Eletrobras a função de gerir recursos de fundos que bancam subsídios nas tarifas de energia. As medidas previstas na MP foram consideradas um primeiro passo para a reestruturação dessas distribuidoras, que tem elevado endividamento, para a sua privatização futura.

Porém, o diretor do grupo Safira, Mikio Kawai júnior, adverte que esses recursos deverão ter impacto futuro nas contas de luz dos consumidores. O executivo estima que o impacto será da ordem de 3,5% que serão contudo repassados para as tarifas de forma diluída ao longo dos meses no próximo ano.

– Quem paga sempre ou é o bolso do contribuinte ou o bolso do consumidor – Mas a medida é importante porque limita a transferência de recursos da União em R$ 3,5 bilhões para a compra de combustíveis para as térmicas – destacou Mikio Kawai.

Marcos Saltini, vice-presidente de consultoria em utilities da consultoria canadense CGI no Brasil , disse que tanto a MP 735 como a MP 706, editada nesta quarta-feira, são dois passos importantes para preparar as distribuidoras da Eletrobras para serem privatizadas. o executivo lembrou que essas distribuidoras são complicadas porque atuam em regiões distantes, que exigem investimentos elevados para levar a energia aos consumidores, que por sua vez uma boa parte são de baixa renda, e com poucas indústrias. Segundo o balanço da Eletrobras de 2015 (ainda não auditado) essas distribuidoras contabilizaram um prejuízo total de R$ 5,2 bilhões. São elas a Ceal (Alagoas) , Cepisa (Piauí), Eletro Acre, Celg (Goiás) , Boa Vista Energia (Roraima) e Amazonas Energia.

– Essas distribuidoras foram acumulando dívidas elevadas ao longo dos anos, aliado a sua atuação em um mercado difícil e má gestão. E a Eletrobras precisa se desfazer desses ativos, e essas duas MPs foram um primeiro passo nessa direção para sanear os problemas e as tornar mais atrativas para a vend – destacou Marcos Saltini.