Cotidiano

Para Aécio e Agripino, Moro agiu por ?razões humanitárias?

BRASÍLIA – Os dirigentes do DEM e do PSDB adotaram o discurso de que o juiz Sérgio Moro agiu por “razões humanitárias” ao decidir pela liberação do ex-ministro Guido Mantega e para evitar uma exploração política de vitimização por parte do PT. Mas ressaltam que as denúncias são graves porque envolvem o “mais longevo” ministro da Fazenda do Brasil.

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves MG), disse, em nota, que a nova fase da Lava-Jato mostra a ligação direta das ações do PT e do governo. Para Aécio, Mantega será chamado a continuar prestando informações, mesmo depois da decisão de Moro.

“A decisão (do juiz Moro) é compreensível em razão do estado de saúde da esposa do ex-ministro, mas, certamente, no momento adequado, ele será chamado a se colocar à disposição da Justiça. As denúncias precisam ser investigadas em profundidade para que as responsabilidades sejam determinadas. Nem por isso, entretanto, o PSDB deixa de compreender a decisão do juiz Sérgio Moro que, por razões humanitárias, revogou a prisão do ex-ministro”, diz Aécio.

O tucano ressaltou ainda que as investigações demonstram “o quanto os interesses do PT se confundiam com ações do governo, envolvendo agora o mais longevo ministro da economia da História do Brasil”.

Mais direto, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse que Moro agiu de forma correta para evitar a “vitimização” de Mantega, devido ao fato de o ex-ministro ter sido detido pela Polícia Federal num hospital, enquanto acompanha sua mulher, que se trata de um câncer. Agripino ressaltou que Moro é o comandante deste processo e tomou uma decisão para manter as investigações protegidas do uso político.

? O juiz Moro tomou a decisão para que uma história com começo, meio e fim, construída a partir de depoimentos, fosse contaminada com a vitimização do fato e a exploração política pelo PT. Ele agiu por razões humanitárias e para não contaminar as investigações ? disse Agripino AO GLOBO.

Agripino disse que os depoimentos do empresário Eike Batista e de Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, são contundentes e “robustos”.

? Mantega foi o ministro da Fazenda mais longevo do Brasil e é o elo de ligação entre os governos de Lula e Dilma. Além disso, as investigações remetem à campanha de Dilma, a primeira campanha, com o envolvimento do mais longe ministro da Fazenda ? disse Agripino.

O líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), destacou que Mantega também foi responsável pela “contabilidade criativa” do governo.

? O Mantega fez muito mais do que a contabilidade criativa; ele participou ativamente do processo de achaque dos empresários. Só sendo do PT mesmo. E a razão de Moro foi um gesto humanitário, e Mantega seria vitimizado ? disse Pauderney.

O líder do governo Michel Temer no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que Moro agiu por razões humanitárias, mas que não tira a gravidade do caso.

? Acho que está se revelando essa avalanche de denúncias sobre Dilma e Lula, atingindo os canais cada vez mais altos. Claro que não me deixou alegre ver um ex-ministro preso, mas o juiz Moro entendeu que ele já dado tomado depoimento e o soltou ? disse Aloysio Nunes Ferreira.

O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), foi na mesma linha.

? A revogação da prisão de Mantega não significa que as investigações estejam erradas ou que o que foi levantado até agora seja inconsistente. A revogação, pelo exposto pelo próprio juiz Sérgio Moro, tem a ver com a situação da esposa do ex-ministro, a quem presto solidariedade publicamente, e por não haver risco de fuga ou de que ele atrapalhe as investigações. É um ato dentro da normalidade dos procedimentos da Justiça ? disse Paulo Bauer.