Opinião

Pandemia e “epidemia”

Editorial

UTI  do Hospital Santa Clara, em Colorado, na região Norte do Paraná.   03/08/2020 -  Foto: Geraldo Bubniak/AEN
UTI do Hospital Santa Clara, em Colorado, na região Norte do Paraná. 03/08/2020 - Foto: Geraldo Bubniak/AEN

 

 

O conceito de epidemia estabelece que ela se evidencia a partir de aumento no número de casos de uma “doença” em diversas regiões, estados ou cidades. Ontem, a Secretaria de Saúde do Paraná divulgou mais 1.573 casos e 61 mortes em decorrência da Covid-19 no Paraná. Com isso, os dados acumulados do monitoramento mostram que o estado soma 1.535.165 casos e 39.847 óbitos pela doença que estabeleceu a pandemia do novo coronavírus. A Covid-19, como se sabe, mudou a rotina do mundo desde abril do ano passado e o dito “novo normal” passou a fazer parte da vida de tudo e todos.

Porém, alguns comportamentos registem ao dito “novo normal”. Material de capa da edição desta sexta-feira, traz que neste mês de outubro, em apenas 20 dias, o 4º Grupamento de Bombeiros de Cascavel registrou 124 acidentes de trânsito, entre colisões, atropelamentos, capotamentos, choques contra anteparos, quedas de veículo, saídas de pista entre outros. E, somente em três das desta semana (segunda, terça e quarta), foram 19 ocorrências. Esta verdadeira epidemia tem sido tão dura de combater quanto a pandemia da Covid-19.

E, enquanto o coronavírus tem ceifado vidas e produzido sequelas nos últimos dois anos, o trânsito, ou melhor, o comportamento inadequado de condutores e pedestres durante décadas tem produzido o mesmo efeito devastador. A análise do major Amarildo Ribeiro, coordenador do Cotrans (Comitê de Trânsito de Cascavel) é pertinente e assertiva. Apesar de todos esforço e trabalho para orientar e “corrigir” condutores, o número de mortes registradas em 2021 mostra sinais de manutenção das estatísticas, com risco de crescimento.

E, mais uma vez, os motociclistas são as maiores vítimas, não do trânsito, mas total desrespeito à vida e às leis e normas de segurança, concebidas exatamente para coibir excessos e proteger condutores e pedestres. As referidas leis e normas não produzem a chamada “indústria da multa”, afinal, apenas quem se porta de forma inconsequente é que, algumas vezes – e não na totalidade das condutas inadequadas – são penalizados.

Para a pandemia tem se produzido vacinas que estão tendo seus efeitos gradativamente ampliados na eficácia desejada. E para o trânsito? Qual a vacina ou remédio a ser aplicado? Por enquanto, a única fórmula que se conhece é a conscientização!