Saúde

Pandemia avança e municípios retomam medidas restritivas

Um mês após o arrefecimento da segunda onda, a região de fronteira do Paraná volta a acender a luz vermelha e decidiu retomar as medidas restritivas a partir deste fim de semana.

Pandemia avança e municípios retomam medidas restritivas

Medianeira – Os nove municípios da região oeste que compõem a 9ª Regional de Saúde do Paraná vão adotar medidas mais restritivas aos fins de semana para reduzir o número de casos e hospitalizações por conta da covid-19. A medida foi definida em reunião nessa terça-feira (11), em Medianeira, com prefeitos e secretários de Saúde das nove cidades e a chefe da 9ª Regional, Iélita Santos. Compõem a região: Serranópolis do Iguaçu, Matelândia, Medianeira, Ramilândia, Missal, Itaipulândia, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu e Foz do Iguaçu.

O fechamento total das atividades e a restrição da circulação de pessoas ocorrerão neste e no próximo fim de semana, no mesmo formato como ocorreu em março, com o fechamento do comércio às 17h de sábado e toque de recolher das 18h de sábado até as 5h de segunda-feira. Cada município terá a liberdade de decidir os horários de fechamento do comércio.

A proposta é reduzir o nível de transmissão da covid-19, que voltou a subir após quase um mês de queda. Dados da Macro-Oeste apontam ocupação de leitos de UTI de 96%.

Em Foz do Iguaçu, a ocupação de leitos de UTI está em 100% no Hospital Municipal Padre Germano Lauck, referência no tratamento para a região oeste. Nos nove municípios da região são quase 50 mil casos da doença desde o início da pandemia e 1.071 mortes, sendo 813 em Foz do Iguaçu.

O crescente número de casos em todos os municípios preocupa as autoridades, que debateram outras medidas restritivas, como a suspensão das atividades esportivas coletivas, a redução no horário do toque de recolher durante a semana – das 23h às 5h -, a limitação de pessoas em reuniões familiares e o reforço da fiscalização, com apoio integral da Polícia Militar. Essas propostas serão levadas ao secretário estadual de Saúde, Beto Preto, nesta quarta-feira, em Curitiba, pela chefe da 9ª Regional e pelo prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro. A ideia é alinhar as medidas e obter apoio do governo do Estado.

Preocupação

Brasileiro expressou preocupação com o novo aumento no número de casos e explicou que o Município não possui mais condições de ampliar leitos devido à falta de médicos e outros profissionais da saúde. “Ao flexibilizarmos as medidas restritivas, o número de casos voltou a subir e a nossa preocupação é viver novamente o que vivemos em março. Será devastador. Nosso hospital está com 100% de leitos de UTI ocupados, mas não temos profissionais para trabalhar, por isso não temos como abrir novos leitos”, disse.

O prefeito também destacou a situação fronteiriça, com paraguaios e brasileiros buscando atendimento em Foz do Iguaçu e falou da importância de retomar as medidas restritivas de circulação de pessoas. “O fechamento total das atividades durante o fim de semana foi a medida mais eficaz adotada pelo Município. Tivemos resultados significativos na redução da transmissão e consequentemente nas hospitalizações”, afirmou Brasileiro.

Todos os gestores apresentaram propostas adotadas nos municípios, que buscam equilibrar a saúde pública com a situação econômica. “Ações conjuntas são importantes, assim como o diálogo com a população. Mostrar a nossa realidade e entender a dos municípios vizinhos nos fortalece na tomada de decisões”, comentou a secretária de saúde, Rosa Maria Jerônymo.

Hospital Municipal está em alerta vermelho

O HMFI (Hospital Municipal de Foz do Iguaçu) acendeu o alerta vermelho após registrar aumento no número de internamentos de pacientes com a covid-19. Nessa terça-feira (11), o presidente da Fundação Municipal de Saúde e diretor do hospital, Sérgio Fabris, informou que 73 pessoas estão internadas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para covid-19, três a mais que a capacidade.

Fabris alerta para nova onda da doença, a exemplo do que aconteceu em março, com a diferença de que, neste momento, não é possível abrir mais lentos. “No auge da crise, foram montados leitos de UTI com suporte avançado de vida, que depois foram remanejados para enfermaria. Neste momento, não há como aumentar o número de leitos”.

Em março, o hospital contava com 50 leitos de UTI Covid. Naquele momento, eram intubados 15 pacientes por dia. Aconteceram 237 óbitos em decorrência da doença em 30 dias.

A preocupação no momento é o aumento dos casos em Foz do Iguaçu, somados com o aumento da demanda vinda das cidades da região e do Paraguai.

“Em março, quando ameaçou subir, nós tínhamos 50 leitos de UTI habilitados e 43 ocupados. A equipe intubava no Hospital Municipal 15 pacientes por dia. Saímos de 43 leitos ocupados para 103 leitos de UTI ocupados no Hospital Municipal, porque nós tínhamos leitos e equipe suficiente. Hoje, nós saímos numa arrancada com 73 leitos. Antes nós tínhamos um horizonte de possível crescimento, hoje nós não temos”, disse o diretor.

Fabris rebateu a informação falsa de que o Hospital Municipal receberia por óbitos ou internamentos de covid e que tem “o maior prejuízo da história da Fundação em relação aos leitos Covid”. Segundo ele, o repasse não cobre os custos da estrutura médica, de fisioterapia, enfermagem e técnico de enfermagem, além de medicação e EPI (Equipamentos de Proteção Individual).

Oura preocupação é o aumento dos preços de medicamentos que podem faltar em todo o País, como o antibiótico Polimixina B, que hoje custa entre R$ 180 e R$ 200 por dia de tratamento e com uma possível falta, o custo poderá saltar para R$ 1,6 mil.

“Tivemos um período que faltou o Propofol, que é um dos anestésicos utilizados para a intubação, mas pôde ser substituído por medicamentos alternativos como o midazolan. Há drogas para a sedação no Brasil que ainda podem ser substituídas, mas é sempre um desespero”, contou.