Saúde

Pandemia: Amop veta lockdown e joga responsabilidade para a população

Por unanimidade, os gestores descartaram adoção de lockdown e definiram que caberá à população respeitar as regras para evitar a contaminação

Pandemia: Amop veta lockdown e joga responsabilidade para a população

Cascavel – A Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná) reuniu prefeitos, líderes de entidades e técnicos da área de saúde na manhã de ontem para discutir medidas de enfrentamento ao avanço da pandemia do novo coronavírus.

Por unanimidade, os gestores descartaram adoção de lockdown e definiram que caberá à população respeitar as regras para evitar a contaminação. “Estaremos conscientizando a população sobre distanciamento, uso de máscara e álcool em gel. Caso as medidas não sejam cumpridas, serão aplicadas multas. Seremos mais radicais nesse sentido, porque as pessoas relaxaram na tomada dessas medidas básicas. O pensamento não é fechar nada, mas deixar o comércio aberto, até para propagar um pouco da economia que está muito abalada”, explicou o presidente da Associação, Rineu Menoncin, prefeito de Matelândia.

Já a Caciopar (Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná) deve orientar os empresários. “Ficou alinhado que nós, da Caciopar, vamos conscientizar todos os empresários da necessidade do cumprimento das medidas sanitárias. Não podemos fechar os estabelecimentos, de nada adianta penalizar as atividades. De nossa parte, levaremos a informação a todos. É uma minoria que está descumprindo as leis”, argumenta o presidente da entidade, Alci Rotta Júnior. “Existe o risco de saturar o setor de saúde, principalmente as UTIs, a segunda onda vem muito forte com índices de muita ascensão na curva. Então é preciso conscientizar e fiscalizar”.

Na reunião, que contou com a presença de diretores de Regionais de Saúde, diretores de consórcios intermunicipais de Saúde, Consamu, presidentes da Caciopar, da Acic, da OAB-Cascavel e representantes da Sesa (Secretaria Estadual de Saúde), ficou definido que será requerido aos governos estadual e federal e Itaipu um plano de ação para as outras demandas emergenciais na área de saúde, envolvendo cirurgias eletivas e procedimentos afins, para garantir o atendimento da salvaguarda de vidas de pessoas que estão com seus nomes em filas de espera, porém represados, por conta de medidas adotadas no período da pandemia.

Estado decreta toque de recolher; Abrabar diz que setor vai à falência

 

Cascavel – Em razão do significativo aumento no número de pessoas contaminadas pela covid-19 no Paraná, o governo do Estado baixou novo instrumento que visa ajudar a conter a alta na disseminação do vírus verificada nos últimos dias. O Decreto 6.284/2020, assinado nessa terça-feira pelo governador Ratinho Junior, limita horário para circulação de pessoas à noite, das 23h às 5h, o chamado toque de recolher. Entra em vigor hoje e o prazo de vigência é de 15 dias, prorrogáveis ou não.

Apenas serviços essenciais, como saúde e segurança pública, ficam liberados da restrição. A Polícia Militar do Paraná vai ampliar a fiscalização, reforçando o trabalho das guardas municipais.

“A situação é muito grave. Precisamos desse toque de recolher para quebrar a velocidade de transmissão do vírus. E conscientizar as pessoas para que fiquem em casa”, disse o secretário de Saúde, Beto Preto.

A Abrabar (Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas), que vinha cobrando uma ação do poder público há semanas, avalia que, com o toque de recolher, muitos empresários do setor estão fadados à falência. “Nós estávamos cobrando uma campanha conjunta, mas nada foi feito. A decisão de decretar toque de recolher mostra mais uma vez a ineficiência do Estado. Não é possível, em pleno século 21, trabalhar com toque de recolher. O empresário do nosso setor está fadado à falência. Infelizmente, muitos empresários não terão dinheiro para pagar nem o 13º salário, não vão conseguir pagar nada. Nós, que 77% já estávamos endividados, vamos passar de 90%. A situação é dramática, caótica, desespero total”, desabafa o presidente da Associação, Fábio Aguayo.

Ele ressalta a ausência de medidas durante a campanha eleitoral. “O que mais nos preocupa é que tivemos de março a dezembro para encontrar uma situação de prevenção. O poder público afrouxou, a eleição deixou todo o mundo cego, emudeceu os políticos e os secretários municipais de Saúde sumiram”.

O presidente da Abrabar afirma ainda que a medida vai favorecer os eventos clandestinos: “Mais uma vez quem vai ganhar com essa medida serão os clandestinos, que vão tomar conta disso”.

 

Amop vai intensificar fiscalização

Com a emissão de um decreto estadual decretando toque de recolher, cidades que mantêm o funcionamento de bares e restaurantes terão de se adequar e fiscalizar.

Em Cascavel, não há restrições de horários para esses estabelecimentos. O Município informou que vai fiscalizar as aglomerações, repetiu que nada será fechado e que apenas quem descumprir as medidas sanitárias será punido. Sobre o toque de recolher estadual, se efetivado, disse cabe às Polícias Civil e Militar fiscalizar, mas que o Estado pode solicitar o auxílio da Guarda Municipal, pois a corporação sempre participou de operações conjuntas.

Para o presidente da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná), Rineu Menoncin, por conta do horário, o toque de recolher não deve impactar de forma tão significativa na economia. “As medidas serão acatadas, não tem problema. Certamente as boates e os bailões, os restaurantes que têm o funcionamento depois desse horário serão afetados, mas acredito que a partir das 23h não haverá um dano muito grande para a economia, uma vez que o comércio, no geral, está ativo e fomentando a economia neste fim de ano”, observou Menoncin.

A reportagem apurou que um encontro dos comandos das forças de segurança aconteceu na tarde de ontem para tratar do assunto, mas não foi divulgada informação sobre as definições.