Política

Palocci vai delatar à PF esquemas de corrupção

Curitiba – Após ver frustradas suas tentativas de fechar acordo com o MPF (Ministério Público Federal), o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci vai revelar detalhes dos esquemas de corrupção dos quais participou durante os governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre 2003 e 2015, aos investigadores da Polícia Federal, em Curitiba, sede da Lava Jato.

Segundo o jornal Estadão, fontes com acesso à negociação confirmaram que a colaboração premiada do ex-ministro foi acertada entre as partes. PF e MPF travam uma disputa no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre quem pode assinar acordos de colaboração e sobre o modelo a ser utilizado.

O ex-ministro vai falar aos delegados da Lava Jato da Superintendência da PF de Curitiba, onde está preso desde setembro de 2016. Palocci foi detido na 35ª fase da operação, batizada de Omertá, após o delegado Filipe Hille Pace mapear as movimentações da “planilha Italiano” nos dados do departamento de propina da Odebrecht. Italiano seria Palocci.

Ainda não se tem notícia sobre a abrangência do conteúdo da delação de Palocci, mas se especula que uma das informações de interesse dos investigadores e que agora o ex-ministro deve revelar são detalhes de um suposto “pacto de sangue” que teria sido firmado entre a Odebrecht e o ex-presidente Lula.

Projeto

Um dos temas a serem explicados pelo ministro são as contratações por grandes empresas de sua consultoria, a Projeto. Desde o início das investigações contra Palocci, a PF suspeita do uso da empresa para recebimentos de valores provenientes de esquemas de corrupção em órgãos públicos comandados pelo PT, entre eles, a Petrobras.

Relatório da Receita Federal anexado à operação Omertá revelou que a Projeto Consultoria Empresarial e Financeira, empresa de Palocci, recebeu R$ 81,3 milhões de 47 empresas, entre 2006 e 2015. Os valores recebidos são de ao menos três bancos, uma holding ligada ao setor farmacêutico, uma empresa de planos de saúde, uma montadora de veículos e uma do setor de alimentos.

Em depoimento ao juiz Sergio Moro, na ação penal sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula pela Odebrecht, Palocci incriminou o ex-presidente ao detalhar supostos encontros entre o petista e o empreiteiro Emílio Odebrecht para tratar de vantagens indevidas.