Cotidiano

Pai dá à luz filho de casal transgênero no Equador

_91302785_family.jpg

RIO ? Como qualquer casal, Fernando Machado e Diane Rodríguez estão curtindo a alegria pelo nascimento do primeiro filho, mas um detalhe chamou a atenção da imprensa internacional. Fernando, nascido como Maria na Venezuela, foi quem deu à luz. E a mãe Diane, nascida Luis no Equador, é o pai biológico. O bebê, já com 18 semanas, ainda não teve o nome divulgado. Na intimidade da família, ele é chamado carinhosamente como ?Caraote?.

? Ainda não escolhemos o nome. Talvez já tenhamos, na verdade, mas ainda estamos esperando para anunciá-lo ? contou Diane, à BBC.

Os dois formam um dos casais transgênero mais conhecidos na América Latina e são apontados como símbolo na luta contra a discriminação na região. Diane comanda a ONG Silueta X, que atua em prol da diversidade sexual, e se tornou figura pública no Equador em 2013, quando se tornou a primeira transgênero a concorrer a uma cadeira no Congresso. No ano que vem pretende se candidatar ao Senado.

Os dois se conheceram pelo Facebook. Diane conta que procurava por alguém com quem pudesse construir uma família, mas sem abandonar o ativismo político. Pela rede social, conheceu Fernando e, após muitas conversas, os dois resolveram se encontrar pessoalmente.

? Peguei um ônibus e fui para o Equador ? contou Fernando. ? Depois de três semanas morando juntos, fiquei grávido.

A gravidez foi possível porque tanto Fernando como Diana decidiram não passar por cirurgia de mudança de sexo. Por isso, não precisaram de ajuda médica para a concepção.

? Ser mãe é algo que eu nunca imaginei que poderia ser, porque sou transexual ? disse Diane, que tem planos para aumentar a família. ? A lei exigia que para ser reconhecida como mulher eu precisaria ser castrada.

Pelas redes sociais, o casal recebe mensagens de apoio, mas o Equador está longe de ser o paraíso da aceitação. Por sua atuação como ativista, Diane já foi sequestrada inúmeras vezes. Durante a vida, viveu momentos que prefere esquecer, como a prostituição e o distanciamento da família.

Mesmo entre a comunidade LGBT, sua atuação não é unanimidade. Críticos acusam a ativista de usar a plataforma do movimento para objetivos políticos pessoais. Sua relação com o presidente Rafael Correa, que já fez comentários homofóbicos publicamente, seria muito próxima, dizem.