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Ouro traz alívio à seleção e rebate críticas do início do torneio

RIO – O ouro olímpico tem gosto de alívio. Bastou a bola decisiva estufar as redes para Neymar desabar no gramado. Aos prantos, o jogador foi amparado pelos companheiros de seleção. A união do grupo, no entanto, foi construída nos momentos mais amargos da trajetória, quando o time passou os dois primeiros jogos da Olimpíada sem marcar gols. Brasil é ouro no futebol

O zagueiro Marquinhos citou as dificuldades do caminho, e destacou a força do grupo para reagir e conseguir seu objetivo:

? A gente sabe da pressão que havia em cima de todos os jogadores aqui, e apesar da pouca idade, a gente confiou e deu a volta por cima. Neste momento, os humilhados foram exaltados ? celebrou.

De acordo com o atacante Gabriel, acreditar no talento dos jogadores e na força coletiva foi o caminho que o grupo escolheu para buscar o êxito no Maracanã:

? A gente sabia que tinha um time muito bom, mas precisava correr um pouco mais, caprichar um pouco mais. Em nenhum momento a gente duvidou, foi só recuperar a confiança.

Logo após a cobrança de Neymar, o meia Rafinha, chorando, quase não conseguia falar:

? Não acreditavam na gente! ? exclamou.

Brasil x Alemanha: as imagens do ouro olímpica

NEYMAR ENTREGA FAIXA DE CAPITÃO

Neymar, que chegou a ser comparado com Marta no início da Olimpíada, também falou sobre as críticas:

? Foram momentos difíceis na competição, fomos criticados e respondemos com futebol. Estou muito feliz. Mas é isso aí, fazer o quê? Agora vão ter que me engolir ? afirmou Neymar, à la Zagallo, assim que o jogo acabou.

Depois, já com a medalha de ouro no peito, o craque voltou a falar sobre a pressão que foi colocada sobre a seleção.

? Eu não carrego peso nenhum. São vocês que colocam peso em mim. E hoje, consagrado campeão, eu entrego a faixa de capitão, que foi uma coisa que eu recebi e honrei com muito carinho. E a partir de hoje eu deixo de ser capitão. Mando um recado para o nosso novo treinador, Tite, que a partir de hoje ele pode procurar um novo capitão ? disse.

Torcedores celebram vitória do Brasil nas ruas do Rio

REDENÇÃO APÓS OS PÊNALTIS

A disputa de pênaltis trouxe de volta o peso da responsabilidade para os ombros dos brasileiros. Lotado, o Maracanã ficou em silêncio quando Renato Augusto caminhou para inaugurar as cobranças do Brasil. Único carioca da equipe, o meia foi criado nos arredores do estádio. Nem por isso deixou de ficar nervoso.

? Na hora dos pênaltis, eu falei: Deus e o Maracanã não vão fazer isso aqui comigo ? disse.

Outro herói da disputa de pênaltis, o goleiro Weverton esteve perto de defender três cobranças dos alemães. Se a trave salvou o time por três vezes no primeiro tempo, na hora decisiva, coube a ele defender o último chute.

? O importante é que na hora certa aconteceu. Enfim, o ouro é nosso. A hora de comemorar chegou ? comemorou.

Weverton foi o último dos jogadores a integrar o grupo que conquistou a Olimpíada. O goleiro foi chamado às pressas depois que Fernando Prass foi cortado com uma lesão no cotovelo no dia 31 de julho, a menos de uma semana do início do torneio.

? Realmente, eu nem pensava em estar aqui hoje. A gente fica triste pela lesão do Prass, mas Deus me trouxe aqui e preparou aquilo para a hora certa ? afirmou Weverton.

Após o ouro, Prass foi lembrado pelos jogadores. O atacante Gabriel Jesus, companheiro do goleiro no Palmeiras, vestiu o uniforme número 1 com o nome de Prass, que ele usaria na campanha olímpica.

? Pensei nessa homenagem desde que o Prass foi cortado. Ficamos muito tristes ? disse o jogador, no fim da partida.