Política

Osmar Serráglio repudia declarações de delator

Brasília – A notícia de que teria envolvimento com o esquema investigado na Operação Carne Fraca tirou o deputado federal Osmar Serráglio (PMDB-PR) do sério. Sempre polido em suas declarações, Osmar foi ácido em suas respostas desta vez: “Assim é fácil, né? O fiscal toma dinheiro das empresas, fica com ele e coloca a culpa nos outros”, acusou.

Sua fala diz respeito a um trecho da delação premiada do ex-superintendente regional do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho homologada no fim de dezembro pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli.

Daniel é apontado pelas investigações como o articulador de todo o esquema de pagamento de propinas para liberação e vistas grossas a frigoríficos que vendiam carne vencida e estragada e processavam até papelão em embutidos.

Serraglio afirmou que Gonçalves foi uma indicação da bancada do PMDB do Paraná e que seu principal fiador foi o então deputado federal Moacir Micheletto, morto em 2012. Segundo o ex-ministro, era ele o responsável por decisões do partido ligadas à pasta da Agricultura.

Sobre o recebimento de dinheiro em espécie do qual foi acusado, Serraglio disse que o ex-superintendente precisa dizer "onde fez o pagamento" e "se alguma vez esteve em minha casa ou no meu escritório".

Em nota, o deputado Osmar Serraglio acrescenta ainda que parece estar sendo procurado um bode expiatório: "A Operação Carne Fraca foi tão escandalosa que comprometeu as exportações brasileiras. Grandes frigoríficos foram envolvidos, em diversos estados. Nada mais se disse sobre isso. Eu próprio denunciei à Procuradoria da República negociação espúria que envolvia a JBS bem antes da Operação Carne Fraca. Há oito meses está o superintendente do Paraná preso e o que se desvendou? Agora será solto porque, afinal, um ex-ministro foi implicado e isso já satisfaz. Procurei informações e me foram negadas porque é crime revelar o que está sob sigilo da delação. Contudo, está na imprensa!!! Passei para a jornalista do O Globo cópia dos documentos de 2007 que provam que a indicação do superintendente foi da bancada. Aliás, eu nem o conhecia.”

Outros nomes

O ex-fiscal é apontado como líder do esquema descoberto pelos investigadores da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Outro foco da delação é o também deputado federal Sergio de Souza (PMDB-PR), que também teria se beneficiado de propina do esquema.

Gonçalves entregou ainda outros políticos do PMDB do Paraná e detalhou como o sistema de compra de liberação de licenças por frigoríficos abastecia o caixa ilícito do partido.

O acordo de Daniel Gonçalves foi feito com a Procuradoria-Geral da República e com o Ministério Público Federal no Paraná e estava havia cerca três meses com o ministro Dias Toffoli aguardando homologação. Os relatos envolvendo nomes com foro privilegiado, como Serraglio, permanecerão no Supremo e aqueles que não se referem a pessoas com foro descerão para a primeira instância em Curitiba, que tem como responsável o juiz Marcos Josegrei.

O delator está preso na carceragem da PF na capital paranaense desde março de 2017, quando a operação foi deflagrada.