Cotidiano

Osmar Serraglio diz que não irá interferir na Lava-Jato

BRASÍLIA ? Em entrevista ao GLOBO após ter sua indicação oficializada para o Ministério da Justiça, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) afirmou que não irá interferir na operação Lava-Jato e que não vê qualquer necessidade de correção de rumos nos trabalhos da Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça, ou do Ministério Público e da Justiça.

? Não vou fazer nada em relação à Lava-Jato. Não cabe a mim interferir em algo que é conduzido por outro Poder, o Judiciário, e tem a investigação através do Ministério Público. Em parte, também tem envolvimento da Polícia Federal, mas quem conduz é o Poder Judiciário, sob a batuta do juiz Sergio Moro e do ministro do Supremo Edson Fachin. Acho que a Lava-Jato está no caminho certo, apresentando resultados que a população tem aplaudido e o que a gente quer é o país passado a limpo ? afirmou.

Serraglio negou qualquer proximidade com o deputado cassado Eduardo Cunha e disse que nunca interferiu para ajudar o então presidente da Câmara quando esteve na presidência da Comissão de Constituição e Justiça.

? Para ocupar espaços, é preciso mostrar a cara. Eu fiz isso sendo eleito primeiro-secretário e tinha sido candidato a presidente da CCJ, porque a vaga era do PMDB, mas o Eduardo Cunha cedeu o espaço para o PT no ano anterior. Eu fui forçando a barra, o Leonardo Picciani lançou o Rodrigo Pacheco e nós fizemos um acordo para eu ser presidente da CCJ em 2016. Não há essa interferência que insistem ter ? pontua.

Para o novo ministro da Justiça, sua nomeação para o cargo servirá para pacificar a bancada do PMDB na Câmara, que vinha se queixando de perda de espaço desde que o tucano Antonio Imbassahy foi nomeado para a Secretaria de Governo.

? Acho que a nomeação pacifica sim. Vou fazer um esforço nesse sentido. É uma conquista importante do líder, ele se esforçou para que esse espaço fosse para o PMDB e agora preciso corresponder à confiança que a bancada, através do líder, fez com que nós alcançássemos o ministério ? afirma.

Serraglio disse ainda não saber quem irá nomear para a Secretaria de Segurança Pública, mas disse que deverá decidir até uma semana após tomar posse no cargo e que o nome será escolhido depois de ouvir o Palácio do Planalto e a bancada do PMDB.

? A Segurança Pública será o foco da maior atenção que será necessária no Ministério da Justiça. Não se pode ser amador para essa área. Vamos fazer uma seleção com o maior rigor possível para ter alguém que não só tenha competência técnica, como desperte na população a convicção de que está sendo bem conduzido. Não tenho prazo, mas é uma questão de gestão, não se pode ser moroso. Em uma semana mais ou menos depois que eu assumir defino isto ? disse.

O ministro disse não ter ainda nenhum nome em mente, mas elogiou o advogado Antonio Cláudio Mariz, amigo do presidente Michel Temer, apesar de dizer que não sabe se ele aceitaria a função. Perguntado sobre José Mariano Beltrame, Serraglio disse nunca ter tido nenhum contato com ele.

? Não tenho um nome em mente ainda. Não é o Osmar que vai comandar o ministério, faço parte de um governo e de uma bancada. Vou ouvir os dois e serei muito criterioso. Sobre o Mariz, quanto à competência técnica, não há o que se falar, só não sei se ele aceita. Com o Beltrame, nunca tive o menor contato. Estou assumindo, não vou atropelar. Vou examinar com muita seriedade os currículos, o passado das pessoas pode indicar o que esperar para o futuro ? analisa.

Serraglio afirmou ainda não saber quais serão as primeiras medidas a tomar quando assumir o Ministério da Justiça:

? Não tenho em mente ainda quais serão as primeiras medidas, seria uma certa precipitação da minha parte. Embora meu nome estivesse sendo cogitado há algum tempo, foi de repente que afunilou e chegou à definição. Sou muito de seleção das alternativas. Quero ver como está a pasta primeiro.