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Os 'virgens de pódio olímpico' em busca da primeira medalha

RIO — Muitos já estiveram em Olimpíadas antes e bateram na trave. Outros chegam pela primeira vez, já carregando grandes responsabilidades motivadas por resultados em campeonatos ao redor do mundo. Estreantes ou não, todos vêm ao Rio — alguns já com pinta de campeão — em busca da tão sonhada primeira medalha olímpica.

Seja nas quadras de basquete — onde os Estados Unidos surgem como franco favoritos tanto na competição masculina quanto na feminina — nos campos de rúgbi ou no gramado do futebol, equipes em busca do ouro trazem marinheiros de primeira viagem que podem deixar o Rio com a inédita medalha no peito. O basquete americano vem desfalcado de estrelas como Stepehen Curry, bicampeão mundial e eleito como melhor jogador da NBA nos últimos dois anos, mas seu colega de equipe nos Golden State Warriors, Draymond Green, tem a chance de brilhar ao lado de outros nomes do time como Klay Thompson e Kevin Durant (medalhista de ouro em Londres) em sua primeira olimpíada.

No basquete feminino, modalidade na qual os EUA tentam conquistar seu sexto ouro consecutivo, os 1,96m. da ala-armadora Elena Delle Donne, eleita a melhor jogadora da liga americana em 2015, são a principal arma da equipe para repetir o desempenho que lhes rendeu o primeiro lugar nos dois últimos campeonatos mundiais.

O retorno do rúgbi aos Jogos Olímpicos se tornou a grande esperança para Fiji. O pequeno país da Oceania participa da competição desde 1956, mas até hoje não levou para casa nenhuma medalha. No rúgbi de sete, modalidade que pela primeira vez integra o programa olímpico, a pequena ilha tem um respeitável retrospecto, com dois campeonatos mundiais, e o anúncio da convocação para os Jogos do Rio foi feito por ninguém menos que o primeiro-ministro, Frank Bainimarama, presidente da federação local. Fiji deposita suas esperanças no talento do capitão Osea Kolinisau, que também terá a missão de carregar a bandeira do país na cerimônia de abertura dos jogos. O golfe, que retorna aos jogos olímpicos após mais de um século, também pode dar a Bubba Watson, vencedor dos Masters de 2012 e 2014 — a primeira medalha a um golfista americano desde 1904.

No Brasil, a seleção masculina de futebol — que tenta, após três medalhas de prata e duas de bronze, conquistar o inédito ouro olímpico — o talento de Neymar, vice-campeão quatro anos atrás em Londres, deve se aliar à juventude e ao faro de gol do atacante Gabriel, o “Gabigol”, pela primeira vez em uma olimpíada, para reverter o fraco desempenho na Copa América Centenário em junho.

A ginástica artística também chega ao Rio repleta de nomes que encantaram plateias em competições mundias, mas que ainda não realizaram o sonho de subir ao pódio em uma Olimpíada. Entre as mulheres, todos os olhos devem estar voltados para Simone Biles, de 19 anos. Em pouco mais de cinco anos de carreira, a jovem de Ohio já coleciona quatro campeonatos nacionais e três mundiais, e além de medalhas nas competições por equipe e individual, pode subir ao pódio também nas provas de solo e trave. Biles, no entanto terá pela frente uma dura competidora: a campeã chinesa Shang Chunsong, que teve uma dificílima manobra batizada com seu nome após o campeonato mundial de 2013. Entre os homens, o campeão pan-americano Sam Mikulak, que sofreu com uma torção de tornozelo nos jogos de Londres, é a grande esperança da equipe americana.

Nas piscinas, três mulheres podem conquistar seus primeiros pódios olímpicos no Rio de Janeiro. Assim como os consagrados Michael Phelps e Katie Ledecky, Maya DiRado disputará três provas nos Jogos, e, há dois anos, conquistou o ouro nos 200m. medley, durante os jogos Pan-Pacíficos, na Austrália. Já a australiana Bronte Campbell, que nada ao lado da irmã Cate, não passou das semifinais em Londres, mas chega ao Rio com três medalhas de ouro conquistadas no Mundial de Kazan no ano passado. Atual detentora dos recordes mundiais nos 50m. e 100m. borboleta, a sueca Sarah Sjöström tenta reverter o quarto lugar das Olimpíadas de Londres, quando teve seu recorde nos 110m. borboleta temporariamente quebrado pela americana Dana Vollmer. Nos saltos ornamentais, a chinesa Ren Qian, de apenas 15 anos, volta ao Rio após conquistar uma nota dez, saltando da plataforma de 10m em fevereiro.

Além de medalhões como Justin Gatlin, LaShawn Merritt e Allyson Felix, três outros nomes, ainda sem um pódio olímpico no currículo, representam esperanças de medalhas para o atletismo dos Estados Unidos. Após romper os ligamentos do joelho em uma partida de futebol durante o colégio, English Gardner temia nunca mais ser capaz de correr. No entanto, colecionou títulos universitários nos 100m. rasos, e obteve um quarto lugar no campeonato mundial de Moscou em 2013. Na seletiva para a Olimpíada do Rio, conseguiu a impressionante marca de 10,74 segundos, a sétima mais rápida da História. Já Molly Huddle, 11ª colocada na prova dos 5 mil metros em Londres, também conseguiu um tempo impressionante na seletiva americana e é uma forte candidata na prova, recentemente dominada por etíopes e quenianas. Filho do tetracampeão americano Matt Centrowitz, Matthew Centrowitz Jr. perdeu o bronze na prova dos 1500m. em Londres por frações de segundo, mas também quebrou seu recorde principal durante a preparação para os jogos, e deve diminuir ainda mais sua marca. Já a etíope Genzebe Dibaba, vencedora dos 1.500m. no mundial de Pequim, no ano passado, tem, na família, diversas fontes de inspiração para buscar uma medalha: sua irmã mais velha, Tirunesh, conquistou três medalhas de ouro nos jogos de Pequim (2008) e Londres (2012). Outra corredora do clã, Ejegayehu, foi medalha de prata nos 10 mil metros em Atenas (2004), enquanto seu primo, Derartu Tulu, conquistou o ouro na mesma prova em Barcelona (1992) e Sydney (2000).

Mulheres também devem surpreender nos combates, seja imobilizando adversárias ou acertando estocadas com floretes. Tricampeã mundial, Adeline Gray, é a esperança americana de conquistar a primeira medalha de ouro na luta de estilo livre feminina, enquanto a esgrimista Ibtihaj Muhammad, campeã de torneios universitários, escolheu seu esporte por um motivo inusitado: a esgrima era a única modalidade que lhe permitia competir vestindo o hijab, o véu usado pela mulheres muçulmanas. No iatismo, a dupla Billy Besson e Marie Riou é a esperança da França na modalidade com catamarãs Nacra 17, que fazem sua estreia em Olimpíadas. Por fim, na canoagem, o Brasil surge como grande favorito para a prova de mil metros de duplas. Erlon Silva e Isaquias Queiroz, campeões mundiais e pan-americanos podem conquistar não apenas suas primeiras medalhas, mas as primeiras do país no esporte.