Esportes

Os deuses do esporte se redimiram com Diego Hypólito

Diego chorou. Copiosamente. No domingo e também no sábado retrasado, quando se classificou para a final de solo. Provavelmente, ele chorou muitas outras vezes ao longo da vida. Em várias delas, ao longo dos últimos 16 anos, teve o Brasil inteiro como testemunha.

Não é fácil se expor assim. Nos momentos esportivos de maior fragilidade e decepção, ele não se escondeu. Não buscou explicações nem deu desculpas. Mas a honestidade de suas emoções desconcerta quem está acostumado a reações protocolares.

Diego sempre teve coragem. Em uma modalidade cruelmente bela e precisa, talvez poucos resistissem a um erro colossal. Ele teve dois, justamente quando não podia: em Pequim, ao cair de bunda no chão; e em Londres, quando foi de cara no tablado.

Muitas vezes, o esporte não dá uma segunda chance ao atleta. Muito menos três.

A terceira, o ginasta se desdobrou para agarrar. E olha que não faltou drama nestes últimos quatro anos. Lesões, depressão e desânimo fizeram parte de sua caminhada olímpica, e houve quem não acreditasse que seria possível vê-lo mais uma vez nos Jogos. É provável que até ele, em algum momento, tenha se perguntado se valia a pena.

Não seria justo dizer que ninguém merecia mais uma medalha do que Diego. Afinal, todo atleta de alto nível é digno de estar no pódio. Mas no caso dele, a sensação era de que os deuses do esporte estavam cometendo uma baita injustiça ao não permitir que ele escrevesse, com louvor, seu nome na história das Olimpíadas.

Agora, tudo está em seu devido lugar. E com um presente inesperado: o bronze de Arthur Nory.