Cotidiano

Oposição venezuelana denuncia ações para tornar Capriles inelegível

VENEZUELA-POLITICS_-G9K32P9A5.1.jpgCARACAS – A oposição venezuelana denunciou uma suposta ofensiva chavista para tornar inelegível o ex-candidato presidencial Henrique Capriles, governador do estado de Miranda. Capriles alertou que as autoridades estariam prestes a bani-lo de exercer cargos políticos por causa de supostas irregularidades em Miranda, e diz que as acusações são falsas. Principal impulsionador do congelado processo a favor de um referendo para revogar o mandato do presidente Nicolás Maduro, ele foi multado em 43 mil bolívares pelas supostas irregularidades. Venezuela

A Controladoria Geral da Venezuela fez na quinta-feira uma audiência contra Capriles por cinco casos de supostos atos ilícitos em seu governo estadual. Ele e mais oito funcionários são acusados de responsabilidade administrativa em casos como falhas em contratos acertados com meios de comunicação; deficiências em pagamentos trabalhistas; doações ilegais e contratos fraudulentos.

Dentre as acusações apresentadas contra Capriles, está o suposto recebimento de dinheiro irregular da empreiteira brasileira Odebrecht, mas não houve confirmação. Os nove acusados podem apelar.

O secretário-executivo da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba, chamou as ações de “injustas e inaceitáveis”, citando ainda que não foi permitida a entrada de pessoas ligadas a Capriles na audiência.

? Esta multa é irrelevante frente ao objetivo real do governo: a inabilitação política de Capriles ? disse Torrealba nesta sexta-feira. ? Os burocratas temeram o povo e fizeram uma audiência fechada. Ainda agrediram pessoas que chegaram ao lugar.

O processo permite que a Controladoria iniba Capriles de disputar qualquer cargo eletivo, o mesmo que ocorreu uma década antes com o líder opositor Leopoldo López (preso desde 2014) quando era prefeito da cidade de Chacao. Capriles descartou que tenha tomado qualquer ação contra o patrimônio de seu estado ou ao do país.

? A Controladoria busca minha inabilitação ? reagiu Capriles às acusações. ? Digo que temos que lutar. Continuarei com a luta porque sou uma democrata.

Capriles disputou a eleição presidencial contra o então presidente Hugo Chávez em 2012. Um ano depois, com a morte de Chávez, enfrentou Maduro, para quem perdeu por pouco. Ele foi um dos promotores do referendo revocatório, que acabou suspenso em outubro por uma série de impedimentos judiciais e por parte do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Através de seu Twitter, López ofereceu solidariedade a Capriles diante da “pretensão da ditadura”. “Irmão, (eles) não poderão contra todos.”

‘COMANDO ANTIGOLPE’ EM AÇÃO

Nos últimos dias, como parte de um recente “comando antigolpe” anunciado por maduro e seu novo vice, Tareck El Aissami, autoridades venezuelanas revogaram a liberdade condicional do ex-general dissidente Raúl Baduel e detiveram outros dois políticos. A mulher de López, Lilian Tintori, é acusada ainda de ter participação em supostas conspirações.

Baduel, que já havia sido preso em 2009 por seis anos, foi acusado de ter burlado as condições de sua condicional ao conspirar contra o governo. Dois vereadores, da cidade de Maracaibo e do estado de Bolívar, também foram presos nesta quinta-feira, disse o governo e o partido de oposição Vontade Popular. As prisões aconteceram após a detenção na quarta-feira de outro vereador de Maracaibo e do ativista da oposição, Gilber Caro.