Cotidiano

Oposição venezuelana abandona negociações e pressiona por eleições

CARACAS ? Durante as frágeis negociações para tentar resolver a crise política venezuelana, a oposição afirmou no domingo que não retomará as conversas com o governo em janeiro. A coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) acusa o oficialismo de não cumprir com os seus acordos para justificar sua retirada da mesa de negociações. Enquanto isso, a Venezuela se vê imersa em uma grave crise econômica, política e social ? que inclui a escassez de produtos básicos e uma guerra política em que a oposição pressiona por novas eleições, em uma tentativa de tirar o presidente Nicolás Maduro do poder.

Segundo os opositores, o governo venezuelano não acatou o compromisso de fixar um cronograma eleitoral, libertar os presos políticos e abrir um canal humanitário para que a população receba alimentos e remédios do exterior. As autoridades de Caracas não responderam até o momento ao anúncio da oposição, que tem a maioria dos assentos do Parlamento venezuelano e é acusada pelo governo de não respeitar os poderes públicos.

Apesar de ter suspendido o diálogo, a MUD pediu ao Vaticano e à comunidade internacional que mantenham a ajuda política e diplomática à Venezuela. No domingo de Natal, o Papa Francisco pediu coragem aos venezuelanos par dar os passos necessários para pôr fim às tensões em seu país.

Apesar dos poucos avanços no processo de negociação, Maduro e figuras importantes do seu governo vêm descartando a retirada do oficialismo da mesa de diálogo. A trégua que vinha sendo mantida entre os dois lados acabou no início do mês, quando a Assembleia Nacional declarou que Maduro era politicamente responsável pela crise no país. A Suprema Corte ? acusada pela oposição de servir ao governo ?, no entanto, anulou a decisão do Congresso.

Logo antes do Natal, as tensões econômicas se elevaram na Venezuela quando Maduro anunciou a retirada das notas de 100 bolívares de circulação ? uma medida para combater as máfias contrabandistas em Colômbia e Brasil. Depois de protestos e saques em todo o país, o presidente recuou e determinou que as notas serão válidas até o início de janeiro. As fronteiras com os dois países chegaram a ser fechadas e, posteriormente, progressivamente reabertas ao longo dos últimos dias.