Cotidiano

Oposição pressiona por avanço de impeachment de presidente sul-coreana

SEUL ? A oposição sul-coreana está pressionando pela definição de uma data para que o Parlamento vote o destino da presidente Park Geun-hye. Na terça-feira, a mandatária aceitou renunciar e pediu que os deputados definissem como e quando deveria ser conduzida sua eventual saída do governo. A turbulência política vem depois que Park se viu envolvida em um escândalo de corrupção por tráfico de influência, que provocou grandes protestos pela sua renúncia em Seul.

Os líderes dos três maiores partidos de oposição da Coreia do Sul se reuniram nesta quarta-feira e concordaram em manter o plano de votar uma moção de impeachment já na sexta-feira. E disseram ainda que se encontrariam novamente se o plano não funcionar, deixando à mostra seus receios de que a votação não realmente aconteça no fim da semana.

Muita da hesitação em escolher uma data clara decorre do número insuficiente de legisladores de oposição para passar o impeachment no Parlamento. Isso significa que os líderes precisariam de ajuda de dissidentes do partido de Park para aprovar a medida.

As três legendas de oposição e os legisladores independentes contra Park ocupam no total 172 de 300 assentos da Assembleia Nacional. Mas a aprovação da moção de impeachment exige pelo menos 200 votos em seu favor. Anteriormente, cerca de 40 legisladores do partido governista já haviam expressado disposição para votar pela saída da presidente.

No entanto, depois das declarações de Park na terça-feira em um pronunciamento televisionado à nação, os legisladores contra a presidente se encontraram e concordaram que seria melhor que ela renunciasse em abril. O objetivo é instaurar um gabinete neutro que possa ajudar a garantir uma transição de poder estável até que um novo presidente seja eleito, de acordo com um dos deputados que participou da reunião.

O anúncio inesperado de terça-feira foi interpretado como uma tentativa da presidente, cuja popularidade desabou por causa do escândalo de corrupção, de evitar a humilhação de um processo de destituição. A história tem como pivô a amiga e ex-confidente da presidente, Choi Soon-Sil, detida por ter utilizado sua relação com Park para extorquir as grandes empresas sul-coreanas.

A presidente é suspeita de conivência pelos promotores que investigam o caso. Desde que o escândalo explodiu, a cada sábado são organizadas grandes manifestações em todo o país com pedidos de renúncia da presidente.

Há alguns dias, a presidente Park pediu desculpas pelo caso Choim, mas descartou a possibilidade de renunciar ao mandato. Na Coreia do Sul, um presidente em exercício não pode ser processado por uma questão penal, exceto no caso de traição ou insurreição. Mas a imunidade presidencial acaba ao final do mandato.

Alguns analistas afirmaram que Park tentaria negociar a renúncia em troca da promessa de não ser julgada. Em um primeiro momento, ela aceitou ser interrogada pelos promotores e uma comissão independente do Parlamento. Mas há dois dias ela mudou de opinião e seu advogado rejeitou as datas de interrogatório propostas pelo MP.