Cotidiano

Oposição bate meta de assinaturas por referendo contra Maduro

CARACAS – No terceiro dia de filas quilométricas, os venezuelanos bateram a meta de validação de assinaturas para avançar no processo de um referendo revocatório que pode levar à deposição do presidente Nicolás Maduro. A validação vai até sexta-feira, e a oposição ? temendo manobras que invalidem assinaturas ? pediu que a população continue a participar do processo.

Com cerca de 194 mil firmas necessárias, o líder da bancada majoritária opositora no Legislativo, o deputado Julio Borges, relatou mais de 236 mil assinaturas garantidas. maduro

? A meta foi superada. A partir de agora, faremos uma operação de remate para concluir o processo de validação ? disse o prefeito de Sucre, Carlos Ocariz, que relatou 236.386 assinaturas.

De manhã, o líder opositor Henrique Capriles denunciou lentidão na validação das assinaturas para ativar o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro. Segundo ele, os venezuelanos estão demorando até cinco horas para finalizar o processo.

De acordo com o jornal ?El Nacional?, em seis estados foram denunciados mecanismos de ?sabotagem? ? Sucre, Anzoategui, Nueva Esparta, Carabobo, Miranda e Caracas. Capriles, que é governador do Estado de Miranda, contestou o fato de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter disponibilizado apenas 300 máquinas em todo o país.

Na terça-feira, segundo dia de coleta de assinaturas, foram coletadas 84.524, somando ao todo 156 mil assinaturas ? 80% do necessário.

O processo acontece em todo o território venezuelano até a próxima sexta-feira, dia 24 de junho. Mas a expectativa da oposição era alcançar a quantidade de validações exigidas pelo CNE no segundo dia ? correspondendo a 194.729 assinaturas, ou seja, 1% das firmas aprovadas pelo órgão eleitoral.

SESSÃO IMINENTE NA OEA

Na véspera de uma sessão extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA) para discutir a crise na Venezuela, a oposição do país pressiona nesta quarta-feira pela aplicação de sanções diplomáticas ao governo de Nicolás Maduro. De Caracas, uma comissão de deputados viajou a Washington para pedir que o organismo aplique a Carta Democratica Interamericana sobre a Venezuela. No mesmo dia, o líder opositor Henrique Capriles recebeu o diplomata americano Thomas Shannon para denunciar a ausência de diálogo político em Caracas.

Liderada pelo presidente da Assembleia Nacional opositora, Henry Ramos Allup, a delegação de seis parlamentares viajou para apelar em favor das sanções previstas em caso de ruptura constitucional pela Carta Democratica Interamericana. Se ao menos 18 nações votarem a favor da aplicação do documento, a OEA poderia tomar medidas diplomáticas para estabilizar a situação na Venezuela ? o que poderia incluir a suspensão do país do organismo.

?Foi quebrada a ordem constitucional por parte do governo de Nicolás Maduro e não existem avanços de diálogo, o que pede com urgência que a OEA atue frente à crise institucional e humanitária?, disse o parlamentar Luis Florido, que faz parte da comissão, em nota.

Na sessão de quinta-feira, o chefe da OEA, Luis Almagro, apresentará um informe sobre a crise política e de direitos humanos na Venezuela a embaixadores dos 34 países-membros da organização.201606221552314796_RTS.jpg

DIÁLOGO COM OS EUA

Em viagem a Caracas, o diplomata americano Thomas Shannon se reuniu com o presidente Nicolás Maduro. Eles se encontraram no Palácio de Miraflores uma semana após o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ter afirmado que queria manter conversações com o governo venezuelano para aliviar as tensões entre os dois países.

Shannon também se reúne nesta quarta-feira com o vice-presidente da Assembleia Nacional, o deputado opositor Enrique Márquez. O congressista se mostrou otimista com a visita do diplomata, citando o episódio como uma oportunidade para que a Venezuela e os EUA regularizem suas relações.

? Nunca é tarde demais. Eu espero que o presidente Obama retifique a posição que tem defendido nos últimos oito anos contra a revolução.

Na terça-feira, Maduro deu as boas-vindas a Shannon e interpretou o encontro do dia seguinte como um passo para relações de respeito entre os dois países. A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, também participou da reunião.

? Me parece muito bem que se deem passos certeiros para relações de respeito com os Estados Unidos. Eles lá, e nós cá ? afirmou o presidente.